quinta-feira, 31 de julho de 2008

Episódios

- Quer que lhe dê um saco?

Cliente - Não, eu prefiro levar no pacote.

Marido - Isso não me dizes tu a mim!

domingo, 27 de julho de 2008

Entre aspas literárias

"Fala-se em masturbação intelectual, eu acho que nem é masturbação, são umas vagas festinhas na ponta do pirilau. Não tem sangue, não tem tripas, não tem aquilo a que o Rilke chamava sangue, olhar e gesto. É uma literatura sem sangue e sem olhar e sem gesto, é uma sei lá, pá, é uma merda que anda à roda."

António Lobo Antunes, in Entrevistas com António Lobo Antunes, 1979-2007 Confissões do Trapeiro

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Bichos-carpinteiros

De vez em quando, do nada, a barriga embrulha-se. Parece que começa em grandes e velozes movimentações. Dá ordem ao coração para acelerar os batimentos e aos dentes para atacarem ferozmente as unhas das mãos. Nada acontece, porém, que despolete aquela reacção. Mas o bicho-carpinteiro não me larga e faz-me dispôr mal por não saber de onde vem tanta ansiedade. Ansiedade que me aumenta o estado de alerta e os níveis de energia. De certeza que estou quase a rebentar com a escala. Tragam-me a bomba, por favor, preciso de ajuda para respirar...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Curtas [11]

Que será de quem vive vazio da capacidade de se deslumbrar?
Há dias estive num dos sítios mais bonitos que conheço e assustei-me quando, algumas horas volvidas depois da chegada, me passeei de olhar pregado ao chão, deixando passar ao lado a vida que a cada minuto ali se arquitectava. Aliviada, percebi que estava noutro lado o meu deslumbramento: não me sentia uma forasteira num país estrangeiro nem dentro daquelas quatro paredes.

Post chamado post

Estou enebriada de histórias, embriagada de letras. E sinto-me bem. Aqui no meio nunca me sinto sozinha, mas sim elevada à plenitude na incessante busca do meu lugar. Consigo respirar melhor, o ar é mais leve e limpo. O sabor sabe bem, mais intenso e de tempero secreto, que faz encher as carnes descansadas de outros reboliços. Ama-se melhor aqui. Sente-se um misterioso anuir que não se consegue explicar, como um percurso previsível que desagua numa tranquilidade aconchegante. Tudo flui porque assim tinha que ser, porque nos faz felizes e é esse o nosso destino. Vou-me deixando ficar...

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Não te vi a descansar nas nuvens...

Procurei-te por todo o branco enquanto o sobrevoava. Não te descobri. Quem sabe se já descansaste tudo e aproveitas agora os dias para te divertires com velhos amigos que há muito não vias e para seres feliz? Quem dera! Porque, meu velhote, a poder encontrar-te sobre aquele mar de algodão, que fosse a correr à procura de seres mais feliz com um sorriso rasgado nos lábios. Saudades tuas.

Curtas [10]

Quase a sair, o amo-te ficou guardado na boca que permaneceu calada. Com medo do futuro. Das incertezas. Das exigências. Do que se diz que se quer dar e, pelos vistos, não se consegue. Medo de nunca vir a saber o que é o "gosto muito de ti! Mais do que consigo mostrar". Medo de não conseguir os abraços apertados que procuro e os beijos demorados. Medo das altas expectativas depois de uma manhã fresca no campo. Medo dos momentos em que te procuro e só te encontro pela metade. Medo de que o passado seja mais forte que o presente e que o futuro...

Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos

Eu não quero ter o Tejo escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o Rio Nilo
Quero tudo, ter estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo água e sal (Bandeira, Zeca Baleiro)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Curtas [9]

Por estes três dias fica a mensagem de que te gosto e quero bem. Uma mensagem em louvor da pessoa bonita que és e do bem que me tens feito. Até ao meu regresso. Com a imaginação num salto para o teu colo e num abraço que não acaba nunca!
Com amor.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Nervoso miudinho...

Chamo-lhe nervoso miudinho porque é assim que lhe costumam chamar. Mas este reboliço que para aqui vai, de miudinho não tem nada. E se me perguntarem a razão de tal nervoseira, não respondo. Porque não sei. Unhas, nem vê-las. Comida, no prato dos outros. Respiração, só com a ajuda de uma bomba, qual asmático com crises de caixão à cova. Pensamento, fixado naquilo que não posso esquecer. Por isso, revolvo agendas, cadernos e caderninhos, encho o telemóvel de lembretes, espalho tudo o que é papel que tenho que levar e recapitulo para ver se nada me falta. Parece que não! Falta-me a calma para usufruir o máximo possível deste momento de glória. Mas qual é o espanto?, pergunto-me, és sempre assim! Ainda se fizesse ioga (yoga, iôga, whatever)... Vai tudo correr bem, dizem.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Mais um dia 10

Por agora fica este nu.
Delicado. Sossegado. Sereno, embora pareça triste ao mesmo tempo. Envergonhado, ainda que nu. Perturbado pela evidente nudez? Não creio. Parece até confortável. Bonito. Ligeiramente maculado. Vivido. A sensação da leveza dos movimentos da personagem. Determinados, porém. Misto de sentimentos despertados pela pintura em tons pastel...

Gosto de ti...

Gosto de ti. Gosto de ti e das tuas maçãs do rosto. Gosto de ti e do teu ar de miúdo "a assobiar para o lado" e a revirar os olhos quando fazes alguma traquinice. Gosto de ti e do teu abraço e dos teus beijos e do teu cheiro. Gosto de ti quando acordo durante a noite e estás abraçado a mim ou me deixas procurar calor num teu abraço. Gosto de ti quando te aconchegas de manhã sempre que te beijo de "até logo". Gosto de ti quando te olho e me lembro que até aqui tem sido uma conquista. Gosto de ti porque sorris quando me vês chegar. Gosto de ti pelo teu carinho que me faz querer estar sempre mais contigo. Gosto de ti e de dormir no teu colo quando sucumbo ao cansaço ou por pura preguiça. Gosto de ti, claro, pelas excelentes cambalhotas que damos, mas isso nem sempre é o que mais importa... Gosto de ti porque sim!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

In an australian mood...

"Ó C. como é que se chama a mulher do canguru? É cangarua ou cangaruna?" (curiosidades aos 6 anos)

Este vai direitinho para a Lira...

"Mas eu não te quero para me ajudares, eu quero-te para me acompanhares", ditos da amiga maior que o pensamento. Engoli em seco e pensei que voltámos ainda mais fortes do que foramos um dia e em tempos fomos tão fortes juntas... Mudam-se os tempos e as vontades também. Queres-me agora para estar junto de ti, para teu braço direito ou esquerdo ou nenhum, mas não é importante como me queres, o importante é quereres-me. E queres-me! E isso é bom! Porque na "lista do que mais quero para a vida" apontei, já lá vai tempo, que quero que sejas feliz. Porque mereces! Obrigada por fazeres parte da minha vida. Não fazia metade do sentido sem ti...

Eram duas compinchas a tagarelar Dispunham de tempo e espaço O limite era o céu Eram unha com carne Eram duas comadres desconversando

sexta-feira, 4 de julho de 2008

"Bom dia, meu almirante! Trago as notícias da manhã"*

Madrugada ainda. Se não sou a única na rua, cruzo-me no máximo com três pessoas no caminho que percorro com a brisa fresca da manhã a manter-me os olhos abertos. Uma banca de jornais gratuitos ali à saída do metro, deixa cá dar uma olhada. Uma leitura diagonal das 10 primeiras páginas na esplanada enquanto tomo o pequeno-almoço é o suficiente para ter vontade de sair a correr deste país:

- um estudo realizado em 2007 mostra que Portugal ocupava a 39ª posição dos países com maiores diferenças salariais, ao lado do Botswana;
- o desemprego de longa duração continua a crescer no nosso país;
- 47% das famílias portuguesas vivem "numa situação de pobreza vulnerável";
- o metro quadrado de imóveis novos em Lisboa custa a módica quantia de 2491 euros, enquanto que o de usados desce para 2149 euros...

Note-se que esta descida de 342 euros do preço do metro quadrado de um imóvel novo para um usado, faz uma diferença doida! Pena é que nem os 47% dos que vivem no limiar da pobreza, nem os outros tantos que continuam a ter que contar os trocos todos os dias podem viver numa alegre casinha com vista para o rio ou num prédio com fachada do século XIX e, por isso, têm que mudar-se para Palmela.

*Diz o Zazu para o Mufasa, Rei Leão

Um "vou já" de 4 horas

A noite mais curta e mais mal dormida de sempre exceptuando, claro está, as noites de rambóia e regabofe que deliberadamente decido aproveitar para agradáveis incursões noctívagas.