terça-feira, 30 de setembro de 2008

Sei lá!

Copio a Lira. Deliberadamente. E faço a minha crítica literária [assumindo o quanto (não) tem de crítica e de literária].
Margarida Rebelo Pinto de seu nome, é a autora. Sei lá, o nome da obra que me proponho falar um bocadinho. A medo pego na dita. Escolhi-a para me acompanhar ao fim-de-semana como "literatura-dos-cinco-minutos-antes-de-adormecer-enfim-melhor-que-um-comprimido-para-dormir".
Curiosidade 1: as personagens são 5. Todas mulheres. Entre elas, a Mariana é a mais puritana (a chamada menina), enquanto a Teresa dá nome à grande maluca de quase 50 anos que passa a vida a aviar cartucho. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência [mas... não ouvimos dizer que coisa que não há são coincidências? Bom, adiante!]
Curiosidade 2: todas as personagens são da classe alta/média alta [hei-de descobrir mais à frente, mas decerto jantam no Eleven e acabam a noite na Kapital (ups!, parece que a Kapital fechou. Minhas caras, não se apoquentem, mas também não escolham o BBC que aquilo não é para a vossa idade].
Aaaaaaaaaah!
[expressão de espanto seguida de dúvida "Ou muito me engano ou conheço uma história também ela protagonizada por 5 mulheres da mesma classe social que as atrás referidas e que passam a vida entre altos pequenos-almoços e trancadas fenomenais a fechar o dia", dúvida imediatamente desfeita para todos quantos viram já O Sexo e a Cidade.

Agora que já dei uso às garras, e deixando-me de considerações mordazes e [corro o risco de as apelidarem de] gratuítas, uma vez que ainda me vou pelo 2.º capítulo, a verdade é que a semana passada dei comigo a pensar que me apetecia ter o livro à mão, ainda que para os mesmos 5 minutos. A escrita não me desagradou e tenho curiosidade em saber como caracteriza a Margarida aquelas 5 personagens, como as diferencia e, já agora, vou gostar de encontrar a originalidade (?) da história.

Longes e miragens

Hoje sonhei-me acompanhada. Em preparos pouco ortodoxos. Meus conhecidos já. Daqueles de ficar com água na boca e querer mais logo que se solta o orgásmico suspiro. Varremos secretárias, o chão, a cama, o colchão, o sofá... No meu sonho era um sábado de Agosto. Almoçámos, olhámos o mar, tomámos uma bebida e já em casa, um café, apertou-me nos braços [por pouco não me partia as costelas], agarrou-me ao colo para me beijar sofregamente, levantou-me o vestido e... deparou-se com a expressão do mais puro e inocente prazer! [Durante o dia visitaram-me rasgos desse sonho e, enfim, só vendo como me deixam...]

sábado, 27 de setembro de 2008

Mais leitinho

Coincidência ou não, para não quebrar o tema, eis que me deparo com o post da amiga ruralita, a propósito de uns pareceres desta senhora e desta acerca da amamentação.

Devo dizer que me faz urticaria aquelas mãezinhas extremosas que não sabem falar de outra coisa a não ser dos filhos, comparando gracinhas, desenvolvimentos e cuidados que provocam o vómito a qualquer não-mãe. A partir do momento em que parem o rebento transformam-se em super-mulheres, deusas do Olimpo que tudo fazem para proporcionar um crescimento perfeito ao seu descendente. Irrita-me. Que pequenez reduzir o interesse da vida a um ser, só porque delas saiu. Cheira-me a um certo narcisismo escondido e cada vez mais acho que o acto/decisão de ter uma criança passa muito por egoísmo de autocentrados. No fundo não passa de competição e pavor de serem adjectivadas de más mães, ou pouco atenciosas, ou dedicadas, ou sem vocação para o efeito. Parece que hoje em dia é isso que se nos pede, a nós mulheres. Que sejamos super no trabalho, em casa, no ginásio, na rua e na cama.

Espero não vir a cair nesta espécie de feitiço (nunca se sabe...!), mas também espero não abdicar de amamentar a minha criança. Lamechas, conservador, fundamentalista ou não, parece-me que é o primeiro momento de contacto com a nossa criança. O primeiro acto de partilha, de "estou aqui para o que precisares, vai ser duro, mas vou contigo". Isso eu não creio que seja de perder, só porque dói ou porque o semblante de mulher independente e alheia a mariquices não se pode perder.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.

Cabra

foto tirada daqui

"Opá, então não é que é tão giro ter este líquido esbranquiçado a escorrer-me da boca? Ó para mim tão fresca, fofa e airosa aqui danada para a brincadeira com o bichano, hein? Olha eu completamente inocente que nem estou sequer a topar o porquê de uma foto nestes preparos!"

...

Pois é, destas merdas é que eles gostam pá. Delas ingénuas, a cheirar a leitinho com trancinhas para puxar.

Elas: dão-lhes, fartas de o saber.

Eles: deliciam-se a pensar que é mesmo assim.


Coitadito(a)s...

Rever. Sempre.


Kinsey, Bill Condon

Interessa-me o sexo. Não só a sua prática como a sua teoria. O que é, como é, porquê e como acontece. O que são os desvios, o que são as regras. Qual a sua história, em que moldes se processa a sua evolução. As dúvidas, as descobertas, a sua importância. Qual o lugar, o papel que assume na vida de cada um. Na felicidade de cada um.

Relatório Hortêncio. Um dia destes.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

À esquina

Quando Margarida chegou à Casa da Azenha teve aquela sensação, não desconhecida mas sempre inquietante, de já ter estado ali.”

À primeira vista parecia um romancezeco de cordel, lamechas e previsível, baseado numa ideia fantástica que, ou era muito bem desenvolvida, ou não convencia nem o leitor menos exigente.

Ao que parece a Margarida da história viaja no tempo. Acabei hoje o acompanhamento desse périplo. E nem foi preciso chegar ao final para ir ficando com aquela inquietação de quem está preso à história e quando não tem oportunidade de ler, dá por si a pensar no enredo, no que dali virá e onde quer chegar a autora. Ora, senhora dona Rosa Lobato DE Faria com o seu ar de tiazona, manda umas bocas porno-eróticas de uma intensidade e calor que nunca esperei. A verdade é que a senhora sabe do que fala e, embora não tenha ficado maravilhada pela criatividade da ideia, há pontos focados que dão que pensar.

Não se trata de reflectir sobre a possibilidade de viajar ou não no tempo, gostei da maneira como retrata a condição feminina opondo a actual ao século passado, a forma chocante como fala das dores fatais de uma mulher submissa e infeliz. Mas mais do que isso, gostei da ideia inquietante de reconhecermos certas pessoas que, à partida, nunca tinhamos visto na vida. Sejam pessoas que conhecemos, com quem temos imensa cumplicidade, que amamos perdidamente ou pessoas por quem passamos na rua e a quem nos sentimos, de alguma forma, ligados. Pode parecer a maior lamechice de sempre, mas acredito que as pessoas com quem nos cruzamos na vida, seja em que contexto for, têm o seu propósito por aquilo que nos fazem vivenciar, pensar, questionar, mudar. Será por acaso que amores insólitos, experiências dolorosas, acontecimentos inesperados, aparentemente impossíveis resistem ao turbilhão por uma força que parece querer dizer "tinha que ser assim"?

Gosto de pensar que sim.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

E o Pedro e o João é que sabem!

«Pensamos que, para satisfazer uma mulher, temos que nos pôr naquelas posições surreais, puramente fotográficas e que temos de ser autênticos... martelos pneumáticos. Como é que as mulheres podem ser frígidas, se levarmos em conta dois importantes factores. Primeiro, têm vários pontos erógenos, enquanto que nós direccionamos tudo só para um ponto do nosso corpo... É claro que não nos aguentamos à jarda e, consequentemente, não as conseguimos satisfazer. Para além de que somos por vezes bem egoístas. Segundo: os orgasmos múltiplos não são um mito. As mulheres podem ter n orgasmos, enquanto que nós temos um e... 'finito'»

in Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos [Autoria: Pedro Brito (argumento), João Fazenda (desenho)]

Pumba!

Um dos olhares deste livro de BD espectacular!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Outono

Tenho cá para mim que as grandes mudanças acontecem com o virar de cada estação. Sobretudo na virada para a Primavera e para o Outono. As estações que entremeiam as outras mais rigorosas. No Verão e no Inverno somos mais pachorrentos, eu acho. Por um lado, deixamo-nos ir arrastando o chinelo porque um simples levantar de perna deixa-nos o corpo num pingo; por outro, nem sequer ousamos trazer os dentes de fora receosos da possibilidade de congelarmos a qualquer momento. Pois que sobram a Primavera e o Outono. Da primeira dizem que faz andar passarinho novo de roda da orelhinha de cada um; do segundo dizem que traz o cinzento e os dias mais pequenos. Mas é capaz de ser a estação de que mais gosto. O Outono. As folhas amarelas, aquele friozinho por baixo da camisola de algodão, os primeiros casacos, as botas que entretanto terão que sair do armário, a chuva miudinha que cai lá fora enquanto nos deleitamos com um café quente e um bom livro ou um filmezinho de domingo à tarde debaixo da mantinha e alternamos, deliciados, entre os estados de sono e de vigília. Porque nessas tardes nunca estamos realmente acordados.


Vale a pena ver mais fotografias de José Vinagre

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

De malas e bagagens

Mais uma vez. Lá ando eu com os tarecos para trás e para a frente. Desde que voltei senti-me em casa por estar na minha terra, não porque tivesse, de facto, a minha casa. Regressar à casa dos pais depois de uns anos sozinha tem muito que se lhe diga. Não porque o nosso espaço não seja compreendido, mas porque o nosso espaço passou a ser outro e aquele também já não é nosso. As minhas (des)arrumações, os meus cheiros, as minhas cores, as minhas estantes, os meus hábitos, as minhas comidas, os meus horários.

Depois há os homens, que vão funcionando connosco em simbiose e quando é, é até ao enjoo e à exaustão. Por conseguinte, há que moldar os gostos, hábitos, atitudes e... ninho. Andar cá e lá sabe bem no início, mas depois cansa. Vai daí que me vou de pochette valise rumo ao meu novo poiso e mentalizo-me para os dias loucos que se avizinham.

Ele é um manancial de tarefas a organizar, desde encaixotar tudo e mais alguma coisa, a preparar transporte, a sondar nova mobília, novas disposições e novas necessidades. Confesso que me dá imensa pica no início para depois me frustrar logo a seguir. "Podia fazer isto e comprar aquilo e mais aqueloutro" mas passado um tempo constato desiludida que não tenho metade do capital e da criatividade necessários.

Posto isto vou pensando no assunto de forma comedida, sendo que a dimensão de coisas e coisinhas que devo mover num espaço de 120km... empalidece-me.

Bom dia, alegria!

Adivinha-se um bom dia! Acordei com o Stevie na lembrança a cantar esta:



For once in my life, Stevie Wonder

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Just for you both...



Lost, Michael Bublé

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Caboverdianismos

Saudades de Cabo Verde em Portugal.
O Boy Gè é um homem normal, normalíssimo mesmo. Até abrir a boca! Porque, meninas, quando usa da voz e dá ao corpo um swing malandro, este senhor é dos mais sedutores que conheço. É de ficar com água na boca!

Apaixonem-se, caras leitoras [e eles também porque uma voz destas é sempre mais que bem-vinda]:


Sant'Anton Lovers, Boy Gè Mendes

coordenada solta

No sábado o Gonçalo falou do cabo que foi um tormento atravessar, do maravilhoso que é poder pisar aquele chão e desfrutar de tanta beleza de uma vez só. Falou do que já não existe de magia noutros lugares. Mas felizmente dedicou-se pouco a escrever da cinzentice, da louca necessidade generalizada de se sentir que tudo é certo e seguro e racional e explicável. E ainda bem! Ainda bem porque assim consegui transportar-me para a África do Sul daquelas páginas, dar asas à imaginação, ver-me completamente lá de mochila às costas e calções desavergonhados a mostrarem a desastrosa brancura destas pernas. Com a imaginação nos "monstros marinhos, animais fantásticos, tribos antropófagas, promontórios indomáveis, maldições melodramáticas, tempestades desumanas, desertos sem vida", por entre seduções e surpresas...

Gosto do que ele escreve. O Planisfério Pessoal vale a pena.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Don't worry ma man!

Depois da tempestade... vem sempre o Bonanza! Bem sei que não tem gracinha nenhuma a piadola que acabei de mandar mas faz tempo que espero a oportunidade para mandar uma destas. Bem sequinha! Hoje, dia de boas perspectivas!

And now, ladies and gentlemen, Mr. Bobby McFerrin [não deixem de prestar a atenção devida ao teledisco. Olhó dedinho do pé do Bobby! É genial!]


Don't worry be happy, Bobby McFerrin

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Curtas [14]

E continuas a achar que todos são mais bonitos do que tu, mais inteligentes do que tu, podem mais do que tu...

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Insiste, nao pára

Lá está. Pois agora deu-me para isto. Estou toda partidinha, não há músculo que não se queixe. Ele é spinning around, de glúteo apertado a dar à perna; ele é body pump it up põe peso, tira peso, mete colchão, arrasta o step, insiste, insiste, não desiste, tou-te a ver, quero isso feito como deve ser, aperta agora e explode (!); e ele é bailarico às voltas, passos dobles sempre com estilo, ancas para lá e para cá, rabo espetado e mamas empinadas. Mai nada! Um reboliço e expressões de incentivo muito sui generis, não fosse esta mente depravada descaracterizar-se.

Ora eu que tanto prezo o docinho, o pãozinho e a molhenga, tive que me render a estas práticas, sob pena de deixar de caber nas calças. O processo de alargamento das carnes deu-se inevitavelmente perante novos ares, novos ritmos e refeição na mesa, sem esforço. Mas a verdade é que este andamento faz bem. Pois diz que sim, que dói, mas também dá outra energia. E mesmo que não reduza as carnes, pelo menos enrijece-as, torna-as vigorosas, boas para... a matança, digamos.

Cara lavada

Já vais atrasada para mudar de visual, mas aqui ficas. De lábio carnudo e vermelho. Sempre misteriosa e a mostrar apenas o que interessa: a sensualidade do feminino. Tudo o que é menos interessante oculta-se debaixo do chapéu. Ou então só se revela a quem o ousar descobrir.

Ruído

Cansaço. Confusão. Tudo a mil, tudo parado, porém. Cinzento, como a chegada do Outono. Simples conversas dão lugar a discussões. Afasto-me o mais que posso. Porque preciso. Procuram-me. Fico sem espaço para estar no meu canto. Telefonas-me, mas eu não quero conversar. Não saem mais do que secos monossílabos. Mas eu não faço milagres e tu, faz muito que te demitiste do teu papel, não queiras agora construir uma relação que nunca o chegou a ser porque partiste cedo demais. Já vens tarde, viajante... Vivo há demasiado tempo no meio do caos em que me deixaste. Preciso libertar-me para reaprender a respirar e não dizer adeus a outros. Porque não saberia lidar com a saudade...

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Primeiro estranha-se, depois entranha-se!

Pessoal, digam o que quiserem, gozem-me até ao suspiro derradeiro, façam de mim motivo de chacota por muitos e longos anos e até que a morte nos separe, mas adorei o filme. Foi qualquer coisa como primeiro estranha-se, depois entranha-se. Ok, há cenas que são uma piroseira desgraçada, mas até disso gostei. E a verdade é que ainda tive que limpar uma ou duas lagrimitas teimosas. Adoro a Meryl Streep. O Pierce faz-me náuseas [valeu-lhe a barba por fazer e o ar tosco quando abria a boca para cantar um dos hits]. Os dois juntos formaram uma boa dupla, disso não há dúvidas. Não, não é um filme para discutir por intelectuais ou intelectualóides, nem sequer pelos amantes da ficção científica ou das infindáveis perseguições dos melhores policiais. Mas quando uma sala de cinema reúne para cima de uma centena [ou menos] de espectadores que riem a bandeiras despregadas, genuinamente alegres durante 108min, que trauteiam todas as saudosas canções e no fim desatam a bater palmas, é porque o filme tem alguma coisa de bom! A mim fez-me cócegas cá dentro, fez-me o coração pular e jurei que antes que Nosso Senhor me leve, hei-de ir às ilhas gregas. Mas, mais do que isso, inquietou-me. Simplesmente porque me apercebo de que ainda não distingo o sonho da realidade. Revejo-me nas personagens e, por momentos quero ser a Donna Sheridan [também já quis ser a Mrs. Dalloway]. A verdade é que ainda não caibo dentro de mim e por isso sonho e realidade confundem-se constantemente. Porque quero provar a mim mesma que sou mais do que aquilo que pareço e isso mais do que reflectir que a viagem da descoberta está longe de terminar, mostra que está difícil aceitar-me como sou. E surgem as dúvidas sobre o que quero ser quando for grande. Opto por deixar pairar a imagem do Villa Donna [mesmo a cair aos bocados], nos braços daquele imenso e profundo azul. Quem me dera um sonho premonitório que deslindasse a realidade de amanhã... E para banda sonora desta noite temos:

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Puta que os pariu

Autoridades apreendem 18.555 livros escolares pirateados em oito meses, sim senhor. E alguém já explicou a esta gente que andamos à mingua para pagar propinas, casa, transportes e comida para poder estudar? Como esperam que tenhamos condições para comprar todos os livros que constam nas 4 páginas (no mínimo) de bibliografia por cadeira. Numa média de 5 cadeiras por semestre, durante 5 anos é o quê...? É fazer as contas!

domingo, 7 de setembro de 2008

Não será isso o amor?

Acho que me lês antes de mim. Que falas e calas no que preciso. Que me adivinhas os passos sem o denunciares. Que vês claramente por dentro de mim mas não proferes. Deixas-te ficar a contemplar. Sabes o que vai acontecer, como vou agir. E dás-me a mão pelo caminho que sabes que só pode ser meu. Assim... de sorriso.

Não é invasão, mas veneração.


Ou se calhar só o desejo e personifico-o em ti.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Curtas [13]

Ei-lo! O nervoso miudinho que me ataca com excessiva frequência. Sem razão aparente. Um mal-estar que não sei de onde vem, mas que teima em visitar-me. O coração está prestes a saltar pela boca, enquanto as entranhas se revolvem de tal maneira que chegam a envergonhar-me quando na presença de outros. Por breves momentos chego a suspirar por um eterno descanso...

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tens de ser tu com o teu próprio punho



"Podes ter uma luta que é só tua
Ou então ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da lua
Olha a sombra que tens colada aos pés"
[Senta-te aí, Rio Grande]

Bonita demais!

Môôôr

Tenho cá para mim que as lamechices que muitas vezes criticamos nos outros, tendem a ser pontinhas de inveja por não o termos para nós. Tempos houve em que achava a maior decadência que certos namoradinhos aclamassem pérolas como "ó mor", "sim, fofinha" ou "passa o pãozinho ao teu xuxu". Mas, reflectindo agora - aparte certos exageros e proclamações excessivamente audíveis de felicidade - parece-me que quem o critica... é de desconfiar.

Um "amo-te" tem efeito de Prozac. Ouvi-lo e dizê-lo. Sejamos felizes, expressivos e expansivos.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

uma autora atrevida

Acho piada a quem escreve regularmente sobre o ser e o sentir de maneira tão real e diz que o que escreve não se trata de um auto-retrato, mas de amores fortes e desamores difíceis de outros, gentes do seu imaginário, de realidades próximas. Não digo com isto que duvido de tal verdade, mas faz-me espécie quando, curiosamente, ainda há uns dias pensei "isto só pode ser auto-biográfico!"... Faz-me espécie mas não me chateia ou, vá lá, chateia-me um bocadinho porque se não se vivem coisas daquelas, como se consegue escrever tão bem sobre peles de galinha, cheiros incrustados, toques que não se sentiram, lábios que não se tocaram, amores que não se fizeram, perdas que apenas se imaginaram? [Realmente, sobre amores diz-se que todos sabem dar o seu bitaite, mas com aquela qualidade, duvido muito.] Por outro lado, apetece-me perguntar "que raio de direito tem um autor de oferecer textos daqueles, que ora parecem murros no estômago, ora lembram sestas sobre maços algodão, mas que são, invariavelmente, certeiros, inquietantes?". Parabéns!

Férias





Esta semana: Marrocos e México.

O que eu me perco nestes Taschens.

Anais, Anais...


Henry and June, Philip Kaufman

Esbarrei neste filme sem querer, há uns dias atrás. Numa noite solitária e de insónias. Fiquei presa pelo sussurrar das palavras, pelas cenas à média luz, pela sensualidade da história, dos espaços, das personagens e dos sons. Uma vida boémia meio utópica meio selvagem, carregada de intensidade, na intenção de mostrar as sensações e as emoções ao extremo. A devassidão sem pudores, porque é extremamente bela.

Este trio é delicioso pelas relações quase obsessivas entre cada um deles e a forma como esses dilemas são retratados.

Sonhei nessa noite que deambulava pelas ruas de Paris, qual Anais, à procura do meu Henry que tardava a chegar, o amor da minha vida, por quem me apaixonei perdidamente fisica e intelectualmente. Senti-me tão quente e inspirada que acordei.

Acho que numa outra vida pintei os lábios de vermelho, penteei o cabelo às ondinhas e fumei cigarros enquanto, em tertulias, declamava poemas e bebia vinho tinto.