sexta-feira, 27 de março de 2009

É no Rego, pois claro!

Há coisa de 45 minutos deu-se a "troca por troca" mais ansiada das últimas semanas: toma lá um cheque chorudo (do primeiro mês e da caução) e dá cá um molhinho de chaves.
E assim será, até que a vida nos doa!

Eu, Michel Mouton

Recordo os meus tempos de aprendiz de condutora. Eu que achava que nunca conseguiria conduzir um carro, que tinha pesadelos horrendos em que me via dentro de um, sem saber o que fazer e o dito a ir ravina abaixo. A muito custo lá me rendi à “necessidade” e à “autonomia” e ao “tem que ser” para conhecer uma das personalidades mais marcantes da minha vida: o Sr. Machado. Ora, vamos lá ver, o Sr. Machado era um belo sexagenário, todo gingão, cabelo branco puxadinho para trás, pólo Lacoste e sapatinho de vela, elegante, bem-falante e exímio assobiador. Esta semana ia a passar pelo centro da cidade, a apreciar o mulherio todo descascado com os leves raios de sol que despontaram e relembrei o meu caro instrutor. “Olha, olha, já viste aquela? Abranda lá… Epá ainda rompe meias solas! Isto de ver as mulheres entradotas a vestir como as de vinte é do melhor!”, era o delírio. Eu que estava mais preocupada em não arrancar espelhos aos carros estacionados e a largar a embraiagem devagarinho, conseguia lá reparar nas gajas que o Sr. Machado galava…! Quando vinham as bocas aos “pretos” é que me dava a alergia total… “Isto de dar aulas de condução aos pretos é que é demais, cheiram mal pá, não percebem nada disto, é que não têm mesmo jeito nenhum, não é como tu assim jeitosinha” e pronto estava dado o ponto de partida para uma série de divagações de supremo interesse sociológico. Era assim o Sr. Machado, um malandreco, com pouca paciência para a minha fraca destreza nos estacionamentos, mas que cedo percebeu os meus dotes e me aconselhou a fazer o exame pelo privado que era mais… “seguro”. Um pedagogo, portanto.

27/03 - Dia Mundial do Teatro

... à borla!

quinta-feira, 26 de março de 2009

Por caridade


Dêem água à miúda, que ela está cheinha de sede... Por causa do sol na moleirinha.


Foto daqui.

terça-feira, 24 de março de 2009

Mas que merda é esta?!


Irrita-me a merda deste anúncio! Apetece-me entrar televisão adentro e espancar o gajo que ali lhe dá vida. Coitado, não tem culpa nenhuma. Quando muito têm-na seus pais que, a meu ver, lhe deram uma figurinha bem jeitosa para fazer anúncios destes.
Gostava muito de a este associar o spot que passa na rádio, também ele com um sotaque forçado que me deixa os cabelos em pé e que acaba com qualquer coisa como "5 euRRos de bónus paRRa quem carrega e caRRga de porrada paRRa quem não carregaRR". Foda-se...

De casa e osso

Gosto do Valter Hugo Mãe. Do que escreve, como escreve e por aquilo que é. Tal e qualmente, sem caganças. Até na vontade de pinadelas.

Coisas que me fazem espécie

Alguém diga ao Rodrigo Guedes de Carvalho que aquela caracoleta no meio da testa é mais ridícula que a careca proeminente que ele parece querer disfarçar com... aquilo.

segunda-feira, 23 de março de 2009

22/03 - Dia Mundial da Água

Meus senhores eu sou a água
que lava a cara, que lava os olhos
que lava a rata e os entrefolhos
que lava a nabiça e os agriões
que lava a piça e os colhões
que lava as damas e o que está vago
pois lava as mamas e por onde cago.

Meus senhores aqui está a água
que rega a salsa e o rabanete
que lava a língua a quem faz minete
que lava o chibo mesmo da raspa
tira o cheiro a bacalhau rasca
que bebe o homem, que bebe o cão
que lava a cona e o berbigão.

Meus senhores aqui está a água
que lava os olhos e os grelinhos
que lava a cona e os paninhos
que lava o sangue das grandes lutas
que lava sérias e lava putas
apaga o lume e o borralho
e que lava as guelras ao caralho

Meus senhores aqui está a água
que rega rosas e manjericos
que lava o bidé, que lava penicos
tira mau cheiro das algibeiras
dá de beber ás fressureiras
lava a tromba a qualquer fantoche e
lava a boca depois de um broche.

"A Água"
Bocage

quinta-feira, 19 de março de 2009

Procura-se casa!

Cá estou de novo! A ausência foi menos prolongada que o previsto e a verdade é que já sentia a falta disto. Regresso acompanhada. Pois é, entre uma e outra viagem tudo se resolveu. A perspectiva parece-me agora mais optimista e os olhos já podem ver cada passo e o coração sentir que também eu "estou lá". Vai daí que estAMOS à procura de casa: uma casa maneirinha e baratucha (critérios difíceis de conciliar, já sei) onde possamos "ver como corre" e, quem sabe, com o tempo, assentarmos arraiais na vida um do outro, definitivamente. Deixo, então, esta boa notícia e apelo aos demais leitores que me informem se souberem de algum cantito na capital que reúna aqueles critérios. Bem hajam!

domingo, 15 de março de 2009

Benicio, Benicio...




... é todo um manancial.

sábado, 14 de março de 2009

O Sexo e as Prenhas

Não me venham com tangas. Mulher que é mulher não tem menos desejo só porque está grávida. Até pode ter porque anda enjoada, mais cansada, etc. e tal, mas fora isso só poder haver uma razão: macaquinhos no sótão. Eles, por seu turno, ainda nos acham mais piada e redobram a vontade de nos saltar em cima (quiçá, por uma questão qualquer psicanalítica de domínio da fêmea e da cria em simultâneo), nós pelas hormonas aos saltos, frequentemente, redobramos a dita tesão, que é como quem diz, continuamos a gostar de foder. Sim, foder! Ou lá porque agora somos mães de família, respeitadoras e rebéubéu vamos perder a vontade de ser comidas à bruta? Claro que não. É muito bom fazer amor, com jeitinho, e miminhos e carícias na barriguinha, os dois num só e tal, como continua a ser bom mandar uma valente trancada. Os desejos mais animalescos, as fantasias, as excitações mais perversas não se esvaem assim, até porque se, de facto, estamos mais maternais e sensíveis, estamos, também, mais do que nunca, cientes do nosso papel de fêmea, com os sentidos despertos e a libido aos pulos.

Agora a maluqueira é ainda maior! Quando fazemos amor somos 3, e se fazemos umas brincadeirinhas, nós, gajas, sozinhas na nossa intimidade, somos sempre 2. É a loucura total, portanto, deixemo-nos de rodriguinhos e vivamos uma sexualidade plena, desde que saudável. Não fosse cá por uma sua excelência placenta andava já a fazer pela vida, que isto não há toque mais erótico que não me desfaça em líquidos lânguidos. Se calhar é por isso que ando assim… a trepar às paredes.

terça-feira, 10 de março de 2009

domingo, 8 de março de 2009

It's official

A lira emanou tanta melodia que se difundiu no que parece ser uma outra lira pequenina. Os tempos são incertos, a dúvida constante, a inquietação do que virá, o reboliço das cabeças e das preocupações, o choque das mudanças de vida, de mentalidade e… no fundo… a absoluta serenidade de uma felicidade suprema. Arregaçam-se as mangas e enfrenta-se o que vem de peito cheio, porque o que se vislumbra é um desconhecido malandro, desafiador, que nos acena sedutoramente convidando à doce perdição, mas dando-nos a mão. Exala uma segurança aparentemente estranha, uma certeza e uma força que não se sabe muito bem de onde vem, porque vem e como surge assim… no meio do caos. Sabe-se que é absoluta, indissolúvel, dogmática.

É, provavelmente, a única altura na vida de uma mulher em que não encolhemos a barriga durante o dia, para aparentar maior elegância. O corpo muda, fica diferente daquilo que conhecemos e até moldámos, segundo protótipos, mas… sabe bem, quer-se que assim seja. Descaem mamas de tanto peso, arredondam-se ancas, criam-se formas adiposas nas laterais abdominais, chegam a palidez e as olheiras, na pele as borbulhas ou a secura que chega a escamar, os enjoos, as tonturas, palpitações, sensibilidades, taras e manias. E daí? É um corpo que se molda em sintonia, em plena perfeição, num intuito exemplar de preparar uma recepção.

Cumpre-se um propósito mais do que biológico, encontra-se na minha condição de fêmea, de mulher e de feminina, num cocktail de hormonas, princípios, ideologias, movimentos, sensações e sentidos. Quer-se guardar cada momento por ser único, porque mais ninguém o entende, porque se pode subverter. Estranha-se a obrigatoriedade da informação de um estado à sociedade, um estado que é só meu e me é imposto o dever de partilhar. Não quero. É meu. Assustam-me as vibrações negativas que possam vir de fora e activo os super sentidos, em alerta constante contra possíveis predadores. E no entanto, nada é meu. Apenas a possibilidade de o viver durante um período determinado, porque sou o veículo, porque apenas permiti que acontecesse a hipótese de se gerar mais um ser, porque me cedi em prol de uma outra vida que não é minha. Doei-me a mim para que alguém pudesse… ser. E é aqui que reside o melhor de tudo: um “dar” que é o melhor “receber” de todos.

Irritam-me

As pessoas que me perguntam o nome. "Ah pois é isso, já não me lembrava, olha lá não tens aquele livro...?"

Vão-se foder ó! Agradeço retribuição da apresentação, se faz favor. Gosto pouco de entabular conversações com pessoas que me chamam pelo nome e que eu - já agora - nem sequer conheço.

sábado, 7 de março de 2009

A mulher mais bonita do mundo

estás tão bonita hoje. quando digo que nasceram
flores novas na terra do jardim, quero dizer
que estás bonita.

entro na casa, entro no quarto, abro o armário,
abro uma gaveta, abro uma caixa onde está o teu fio
de ouro.

entre os dedos, seguro o teu fino fio de ouro, como
se tocasse a pele do teu pescoço.

há o céu, a casa, o quarto, e tu estás dentro de mim.

estás tão bonita hoje.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

estás dentro de algo que está dentro de todas as
coisas, a minha voz nomeia-te para descrever
a beleza.

os teus cabelos, a testa, os olhos, o nariz, os lábios.

de encontro ao silêncio, dentro do mundo,
estás tão bonita é aquilo que quero dizer.

José Luís Peixoto, in "A Casa, a Escuridão"

terça-feira, 3 de março de 2009

Descobertas #9

De volta do baú

Relembro os Pearl Jam. Sinto quase sempre alguma resistência em repescar álbuns que já não oiço há muito tempo, por achar que já não me dirão grande coisa, porque tiveram o seu tempo ou porque me poderão trazer recordações a mais. É ridículo porque sempre que isso acontece, me dá um gozo tremendo reouvir certos sons, voltando a sentir aquela pica que sentia antes e a apreciar de forma diferente uma ou outra música. O álbum Vs dos PJ trouxe-me, hoje, um desses episódios. Há malhas incríveis, cheias de revolta, muito ao espírito grunge, e que me disseram tanto em tempos de descoberta e identificação. O Eddie Vedder personificava o meu ideal de homem, o qual eu via em certos rapazolas da altura, igualmente amantes do cabelo comprido e das camisas de flanela. Imaginava-o a suar como nos concertos, por cima de mim em movimentos cadenciados, a cantar-me o "Elderly woman behind the counter in a small town" ao ouvido, com aquela voz grave, rouca, arrastada que me envolvia até às lágrimas sempre que dizia "I swear I recognise your breath". Sentia-me entendida, cheia de força para enfrentar o mundo e ser radicalista sempre que ouvia "Will myself to find a home, a home within myself, We will find a way, we will find our place" (Leash) e uma energia alucinogénica com as guitarradas do Rearviewmirror.

Velhos tempos. Ainda curto tanto uma boa rockalhada!





domingo, 1 de março de 2009

Festivaladas

Acérrima fã do Festival da Canção, não pude perder o desfile de modinhas que aconteceu ontem na RTP.

Pois que minha boca se abre logo a partir da canção nº1 e não pelas melhores razões. Senhora Dona Nucha, que já tinha idade para perceber que o seu tempo de festivais já lá vai, a exibir uma fatiota rockalheira e guinchos de arrepiar os pelinhos, a copiar outros inusitados vencedores finlandeses. Afinação foi coisa que não primou.

Como não podia começar “melhor” fomos, seguidamente, presenteados com um não mais visto tom de foleirada e musiquinha a martelo. Desde a pimbalhada da Romana a tentar puxar uma voz que não tem, à gritaria da Lucy, a culminar com um “Yes we can, Yes we can” de um absoluto reles propositado¬, às esganiçadelas do rapazola com o nome do imitador de vozes, ao teatrinho do cabeleireiro em que os intervenientes não sabiam se deviam estar concentrados na coreografia ou na interpretação… venha o diabo e escolha. Ganharam os Flor-de-Lis que eram os menos maus, de facto.

Mas caramba, a glória dos anos dourados já lá vai. Mesmo. Nada de saudosismos, mas é triste notar às claras que se fazem músicas por fazer, sempre à sombra de outras glórias ou copiando padrões que um dia funcionaram. Avistámos uma pequena pérola com a música vencedora do ano passado, curiosamente – exageradamente, a meu ver – eleita a melhor de todos os tempos, e por aqui ficámos. Eu que até tinha esperança de me comover com um som épico qualquer, agora que me encontro neste estado delico-doce, bem me enganei. De qualquer forma, para este ano, avista-se mais um penúltimo lugar, ou coisa que o valha…

Ait! Falta-lhe encanto, pá!