sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"Sexo, sexo, sexo leva-me até ao fim. Sexo, sexo, sexo és tu pra mim."


Esta cantava eu quando fazia backvocals - sim backvocals - nessa grande banda perdida no tempo, de nome Santa Boémia. Nos meus tempos áureos, portanto. O sexo é tema para tudo e mais alguma coisa, mas não o foi sempre. No Ípsilon questiona-se exactamente isso: Andamos a escrever mais sobre sexo, mas será que temos jeito?

Escreve-se porque se pode. Escreve-se mais porque é preciso compensar anos em que não se podia, mesmo que se caia no exagero. Principalmente as mulheres. Concordo que são muito poucos os homens que sabem escrever sobre sexo, sem cair nos clichés do costume. Falar sobre as suas experiências, então... menos ainda. Os homens não falam de sexo, só falam sobre sexo. Mandam umas bocas, protegem-se nos clichés, gabam-se, criam piadas, falam no plano etéreo. A realidade, a nua e crua, os medos e inseguranças, os prazeres, as dúvidas, as experiências por si só... não. As mulheres falam que se desunham, umas melhor, outras pior, mas - a meu ver - melhor que os homens. Sabem puxar bem mais e melhor pela parte sensual que excita e permitem visualizações mentais mais interessantes. Às vezes a palavra errada tira toda a beleza e erotismo de um texto que se pretendia como tal. Neste artigo, destaca-se ainda um excerto, entre os piores da literatura erótica portuguesa. Autor: José Rodrigues dos Santos. Livro: "O Codex 632". Ei-lo:

"Parou de comer e fitou-o com uma expressão insinuante. 'Sabe qual é a minha maior fantasia de cozinheira?'

'Hã?'

'Quando um dia for casada e tiver um filho, vou fazer uma sopa de peixe com o leite das minhas mamas.'

Tomás quase se engasgou com a sopa.

'Como?'

'Quero fazer uma sopa de peixe com o leite as minhas mamas', repetiu ela, como se dissesse a coisa mais natural do mundo. Colocou a mão no seio esquerdo e espremeu-o de modo tal que o mamilo espreitou pela borda do decote. 'Gostava de provar?'

Tomás sentiu uma erecção gigantesca a formar-se-lhe nas calças. Incapaz de proferir uma palavra e com a garganta subitamente seca, fez que sim com a cabeça. Lena tirou todo o seio esquerdo para fora do decote de seda azul (...). A sueca ergueu-se e aproximou-se do professor; em pé, ao lado ele, encostou-lhe o seio à boca. Tomás não resistiu. Abraçou-a pela cintura e começou a chupar-lhe o mamilo saliente."


No fundo, as mulheres têm bem menos pudor do que os homens no que toca a falar de sexo. Em tempos eram putas, oferecidas, demasiado fáceis na abordagem, aquelas que ouviam: És fresca, és! Agora, mesmo que o sejam, estão-se nas tintas, ainda que falar de sexo só por falar não nos torne mais emancipadas e essa é a outra etapa que se vislumbra para a relação das mulheres com o sexo. Mas não caiamos em lérias, as machezas masculinas e femininas (sim, que as há fêmeas) que habitam por este país fora não se extinguiram como se pensa, e o exercício de comparar homens e mulheres que escrevem sobre sexo nunca é imparcial no que conta ao género. Nos mais recônditos locais do nosso cérebro educadamente cristão, acender-se-á a luz vermelha da vergonha que ordenará o dedo da censura a elevar-se e exaltar-se-ão boas maneiras e brandos costumes, como é de nosso bom tom. E, convenhamos, se há coisa que não tem nada de brando e bem comportado, é o sexo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

1.º dia

Já tinha estado naquela sala. Era ainda o ano de 2001. E eu tinha 17 anos. Regressei lá hoje noutra condição. Hoje tenho à minha frente um grupo de pessoas que esperam o que eu esperava em 2001: que eu lhes dê alguma coisa a aprender. Emociono-me, quase choro pelo tempo que passa impiedoso e que deixa as cicatrizes anunciadas desde o dia em que nascemos e pela veleidade que tenho ao quase deixar que me passe ao lado esta conquista, ainda que pequena.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Outro pedaço de mau caminho


Se fosse real. No entanto, se calhar até é melhor assim, só no papel.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Fiéis são os cães


Diz Fernando Alvim que a fidelidade lhe dá tesão. Manel Cruz diria que o amor lhe dá tesão. Pois em que ficamos? A fidelidade dá-se bem com o amor, até a infidelidade se dá bem com o amor. A fidelidade e o desejo é que nem por isso. Pelo menos o desejo clandestino. A carne pela carne.

Diz-me fonte próxima e fidedigna que fiéis são os cães e, portanto, não existem pessoas fiéis. Como refere o Alvim, a fidelidade começa a ser tão rara que dá tesão. Acredito bem que sim, posso até entendê-lo, especialmente quando nos encontramos num período de inebriamento romântico em que tudo é perfeito, único e eterno. Mas até nesses momentos há choques de realidade que mantêm a luz acesa. Cada vez mais é uma treta o juramento de fidelidade, até porque se começa a sentir um suave consentimento assistido nas relações. Ninguém poderá pôr a mão no fogo por ninguém, nem por si mesmo e, portanto, mais vale sermos honestos desde o início. Não sei porque carga de água se leva isso tão a sério, embora seja o suficiente para acabar com o castelo que eventualmente se construiu antes. No fim de contas ficamos assim. Eu sei que tu e eu sabemos como é, mas está tudo bem desde que tu não saibas nem eu. A monogamia não vem no manual da biologia. Deve vir noutro...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Internet como diluente das diferenças sociais

A minha antiga catequista adicionou-me ao Facebook.

To my Man. Once again. On top of you.



Amo-te.

Trio Maravilha

Javier Bardem

Gerard Butler


Jeffrey Dean Morgan

Obs.: Em estado "gata-assanhada-com-a-língua-de-fora"

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Responder ao desafio

Brownies-que-devoro-agora-depois-da-pizza. Manhãs de sábado. Casacos. Lisboa. Chocolate. Aliás, chocolates. Melhor, doces em geral. O nascer do sol e o friozinho do Outono na cara. Fotografias. Passeios a pé com roupa até ao nariz. Fantasiar com ter família, filhos... Dançar até cair [quando reunidas as condições necessárias]. Ler alto. Café, sol e fim de tarde. Discos. Beira-mar. Sentir saudades. Sentir saudades e procurar-te. Música ao vivo. Sestas no jardim. Manta, sofá e filmes de domingo à tarde. Sorrir. Chorar. Jantares. Dar jantares em casa. Voltar a dar jantares em casa. Cambalhotas e derivados. Gin Tónico. 1,5l de água por dia no Verão. Borboletas. Barragens. Adegas. Ter sono. Sopa de couves com feijão. Deitar conversa fora. Festas e festinhas. Silêncio. E logo depois David Bowie. Mandar piadas. Ter ataques de riso. Beijos, beijos e beijos. Alguns chiclés como 'viver'. Desenhos animados, claro. A mai nova. O cheiro dos corpos depois do sexo. Vinho tinto. Olhos e boca. Água a ferver. Gomas, evidentemente. Desejo. Andar de bicicleta. Luvas. Teatro. Paris. Agora contigo. Candeeiros com luz amarela. Dormir nua. Coca-cola. Um cigarro. Uma secretária no campo. Um copo de pé alto. A casa do Brothers and Sisters. Escrever um livro. América do Sul. Bacalhau com grão. Vestidos. Mergulhos. Uma flor. Sorrisos. Adormecer no sofá. Comédias românticas. Vergílio Ferreira. Escrever péckétontámiúda. Lentes de contacto. Viajar de comboio. Estar apaixonada. Nadar. Querer não ter medo. Abraçar-te. Palavras acabadas em "zinha"...
[continua]

Djizâz!



Tive um sonho erótico com o Jorge Jesus.

Será o meu fervor benfiquista tão grande que resulte nesta gratidão tão... disponível? Preciso de terapia. Urgente.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

De volta à inquietação

Aqui: Cá Dentro Inquietação. Após longa ausência, regresso para outras vagueações.

Meditação

A carne é flor ou consequência do seu perfume?
Seja o que for
é intensidade que a flor resume.

A mão é gesto que a ultrapassa. O gesto é além.
Porque a mão toca o horizonte
que o gesto da mão contém.

O homem canta.
E enquanto canta o homem dura.
Porque o seu canto é perceber
que a voz prevalece à criatura.



Natália Correia

E nunca lhe pôr um ponto final

Chocolate. Sexo. O cheiro da casa depois de cozinhar. Comer bem. Nutella à colher. Entrelaçar os pés a outros pés debaixo dos lençóis. Cheiro a terra molhada. Coca-cola com gelo e limão. Abraços. Comprar um trapinho. Uma surpresa doce. Uma mensagem no espelho. Música. Concertos. Teatro. Dançar. Jantar com amigos. Ter saudades e rever-te. Horas seguidas ao telefone. Desejo incontrolável. Casa cheia. Mudar a disposição da sala. A água quente no corpo. O calor do sol na praia. Presentes. Acabar um bom livro. Café de manhã. Sumo de laranja natural. Andar de carro a ouvir música. O sorriso da Maria Rita. A minha cidade. Banho depois da praia. Brincos grandes nas orelhas. Amesterdão. Lingerie. Mimos. Dormir a sesta no sofá. A minha cama. Cheiro da roupa lavada. Primavera. Uma canção em repeat. Vinho tinto. Crepes. Fazer bolos. Vaguear. Festas nas costas. Beijos no pescoço. Fins de tarde no Verão. Média luz. Um dia produtivo. Justiça. Uma boa recompensa. Casamentos. Conversas de crianças. Cantar. Cantar no carro. Amor às escondidas. Tagarelar com as miúdas. Dizer asneiras. Escrever e gostar de o ler. Puzzles. Sexta-feira. Paixão. Palpitações quando chegas. Massagens. O oculto. Espiritualidades. O alívio de uma confissão. Costa alentejana. Sonhos quentes. Dormir. Chuva. Ouvir chover. O mar. Aquecer-me à lareira. Castanhas assadas. Vestir o pijama depois do banho. Disparatar...

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Que ousadia!



Playboy Novembro, 1955. Foto daqui.