domingo, 25 de abril de 2010

quarta-feira, 21 de abril de 2010

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Thelma e Louise


Eram belas e airosas, minhas catarinas. Cheias de carne e orgulho, sempre de nariz empinado lá iam esbanjando uma jovem luxúria. Sumarentas, voluptuosas, frescas e fofas! Saltitavam as minhas crianças, na urgência de brincar... E o que se divertiam em provocações e derretiam em delícias lânguidas. Viam o mundo de cima.
Depois veio a princesa sôfrega que se lambuzou e esfregou e puxou e mordeu e deixou Thelma e Louise em total arraso. Pobrezinhas, tristes como a noite, são a sombra do que foram. Quase envergonhadas, imploram insuflação depois de tanto esmorecimento. Cá vão fazendo pela vida, quais murchos saquinhos de chá, mais envólucro que enchimento. Vêem o mundo de baixo.

Ainda assim não se calam. Têm muito para contar e planos para o futuro. Contam uma história, aventuras, dizem que aproveitaram e se entregaram de corpo e alma, sem poupanças. Aliás, há botões com a mesma rapidez de resposta dos anos dourados.

sábado, 17 de abril de 2010

Cá está



Via irmaolucia, esse grande devoto, fui dar com esta pérola, ou melhor... cristal. Diz que é suposto ser uma nossa senhora de Fátima, mas cá no burgo chamar-lhe-iamos outra coisa. E não era um figo!

terça-feira, 13 de abril de 2010

Em pleno Séc. XXI

Está grávida e a morrer de medo de contar ao patrão. É um filho muito desejado, planeado há algum tempo, mas ela vai dizer que não estava à espera. Receia pelo trabalho que vai ficar pendurado, pelas pessoas que ficarão sobrecarregadas, pela ausência de substituto a quem possa calmamente passar tarefas. Receia sobretudo as represálias que, quase de certeza, irá sofrer. Ele não vai gostar e não vai ter qualquer problema em dizê-lo. Vai culpá-la de não ter noção das coisas e ser irresponsável e com a maior indiferença não terá pejo em suspender o contrato com ela antes mesmo de regressar. Sem dificuldade, através de uma qualquer aldrabice que tão bem domina, para o fazer parecer legal e à sua maneira.

Dá-me vómitos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

sábado, 10 de abril de 2010

Para a vinícola

Sou aluna das ervas e frequento
O curso nocturno do amor
Folheando o cão que lambe o gato
Sem saber que faz de professor.


Pedagogia, Natália Correia

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Refresh


Os blogs, tal como as casas têm alturas de menor permanência. Ou pela azáfama aumentada, ou por férias ou saídas e passeios. Também, tal como as casas, precisam de ser arejadas no regresso, tirar o cheiro a mofo de habitáculo fechado. E depois cá passamos a soltar um som para levantar as poeiras. Faz-se a cama de lavado, abrem-se as janelas, liga-se a radiola. Mandam-se embora os maus fluidos com o reentrar da luz, demónios e coisas que tais. Os interregnos sabem sempre bem: os de agitação e os de calmaria. E eis-nos sempre a regressar a casa.