terça-feira, 25 de maio de 2010

Cheira a terra molhada

Dicionário DonInês-Português

Senhora minha avô, Dona Inês, é dona de um léxico de riqueza inestimável, ímpar, vá. E antes que a memória me atraiçoe e se perca no tempo esta sabedoria vernacular com expressões idiomáticas inclusas, cá vai a nova rubrica do estaminé.

Uma Knora/Cnora = Um caldo Knorr

Estar enfiadito(a), bolorento(a) = Estar com mau aspecto, cansado(a), magro(a), triste

Chinho, chinho = muito cheio

sexta-feira, 21 de maio de 2010

E um gluteozinho bem torneado...


Foto daqui.

... é mais que apetecível!

terça-feira, 18 de maio de 2010

Se até a Marge...

... porque não a stôra?






sábado, 15 de maio de 2010

Ó Noite, Coalhada nas Formas de um Corpo de Mulher

Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher
vago e belo e voluptuoso,
num bailado erótico, com o cenário dos astros, mudos
[e quedos.

Estrelas que as suas mãos afagam e a boca repele,
deixai que os caminhos da noite,
cegos e rectos como o destino,
suspensos como uma nuvem,
sejam os caminhos dos poetas
que lhes decoraram o nome.
Ó noite, coalhada nas formas de um corpo de mulher!
Esconde a vida no seio de uma estrela
e fá-la pairar, assim mágica e irreal,
para que a olhemos como uma lua sonâmbula.


Fernando Namora, in "Mar de Sargaços"

Na praça é sempre mais em conta!

Foto daqui.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ao pequenote que um dia ma mostrou. E desarmou.



O primeiro me chegou como quem vem do florista
Trouxe um bicho de pelúcia, trouxe um broche de ametista
Me contou suas viagens e as vantagens que ele tinha
Me mostrou o seu relógio, me chamava de rainha
Me encontrou tão desarmada que tocou meu coração
Mas não me negava nada, e, assustada, eu disse não.

O segundo me chegou como quem chega do bar
Trouxe um litro de aguardente tão amarga de tragar
Indagou o meu passado e cheirou minha comida
Vasculhou minha gaveta me chamava de perdida
Me encontrou tão desarmada que arranhou meu coração
Mas não me entregava nada, e, assustada, eu disse não.

O terceiro me chegou como quem chega do nada
Ele não me trouxe nada também nada perguntou
Mal sei como ele se chama mas entendo o que ele quer
Se deitou na minha cama e me chama de mulher
Foi chegando sorrateiro e antes que eu dissesse não
Se instalou feito posseiro, dentro do meu coração.

Chico Buarque

domingo, 9 de maio de 2010

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Mãezinha

Tem cara de fuinha, a filha anda na creche da minha mai nova. É mãezinha. Faz-me um sorriso amarelo e deve pensar o quão levezinha sou a vestir o meu rebento com fato de treino e pouca frequência no cor-de-rosa. Por sorte ou azar dou de caras várias vezes com a personagem, seja por lá ou por fora e quase sempre a tratar de coisinhas para/da menina. Parece que não parte um prato e anda sempre aprumadinha,de olhar crítico e inquisidor. As educadoras desmancham-se em elogios à sua menina, sempre que está presente e é vê-la lânguida a ouvi-los, como se disso dependesse o seu dia. Sua menina é um doce, de facto, mas, pobrezinha, leva todos os dias com as vestes reais em cima. Chega de vestido de veludo e folhos e rendas e debruns, sapatinho de fivela e fita. Despe. Veste calcinha rosa com camisinha rosa para a permanência na instituição. Despe. Veste novamente o trajo real para o regresso a casa. "Sim, que menina de coro não pode andar por aí como umas e outras", vejo-lhe o balão de pensamento por cima da cabeça enquanto me lança o olhar de desdém.

Pedia aos santinhos que não me transformassem numa mãe profissional, obcecada com mariquices para os filhos. Graças a Deus, atenderam-me. Não me levem a mal, só não tenho pachorra para mãezinhas.