terça-feira, 11 de novembro de 2008
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É o viajante a ligar. Das 14 vezes que já tocou o telefone. Não consigo atender. Fico com a barriga embrulhada, tal é o nervosismo por ter que lhe dizer que não quero passear com ele nem que festejemos juntos o aniversário. Cá dentro, tudo o que a ele é relativo, começa a ficar resolvido, por isso, não consigo falar-lhe. Sei de cor a reacção que me espera do outro lado da linha: uma gritaria pegada e um mar de porquês a que não tenho obrigação de responder. "Não, porque não, ponto final", mas não sei se sou capaz. Adio. Já tratei de deixar de ouvir o telefone tocar. Bendita a hora em que inventaram o botãozinho para silenciar aqueles toques dolorosos. Mas, e silenciadores para a dor que não se ouve, que só se sente, não se arranjam por aí? Não quero ir em peregrinação à Carbono nem comer bom marisco nem ouvir fados no bairro nem passear pela Lisboa que "ah, o que eu já vivi aqui, se tu soubesses...". Contigo não, que me dispões mal. Viaja lá novamente para o teu sítio. É tudo o que quero, de lá é mais fácil. Já não estou habituada a ter-te perto. E a culpa não foi minha...
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