Sentir saudades. Sentir a falta de alguém/algo de que precisamos. Nem que seja por puro vício ou solidão. Os dias pesam, são fardos até perante os cenários mais apetecíveis. Provavelmente, e principalmente, por eles, queriamos aquela pessoa ou aquela coisa connosco para partilhar tudo aquilo. Basicamente tudo deixa de fazer sentido se não for partilhado. De que vale uma bela paisagem, um saboroso prato ou um aconchegante banho se não o pudermos dar a provar também? O prazer só se torna completo quando alguém/algo o complementa. Ou porque acrescenta algo mais ou porque sabe exactamente do que estamos a falar, a sentir.
Parece-me que é das dores de maior prazer. O sofrer pela ausência, a ânsia de rever, provar e todo o corpo se rebela a reivindicar uma necessidade, uma luxúria. Por isso salivamos por um chocolate, por isso choramos por alguém que perdemos, por isso humedecemos por alguém que desejamos. Cedemos às maiores lamechices ou ao cúmulo de caminhar kilómetros por um Ovo Kinder.
Agrada-me este masoquismo. Fantasio o momento em que aquilo por que tanto esperei se concretizará. E a verdade é que a vontade de me ter nua nos teus braços - e que me impelia a escrever - me fez desaguar em algo bem maior... a partilha. Porque até na aparente e fugaz necessidade da junção de dois corpos, há aquilo que o transcende... a partilha.
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