É a voz. Tenho a certeza. A da mãe é exactamente igual à da mulher. Seja no timbre a dar para o agudo, seja nas palavras frequentemente acabadas em "inho" quando fala com as crianças, seja na forma cantada com que as emite. E foi assim que concluí definitivamente o que há muito suspeitava: encantou-se pela mulher que lhe lembrava a mãe.
Sem saber muito bem porquê, diz que se apaixonou, um dia. Ela era amável, simpática, "boa pessoa". Não incrivelmente bonita ou "boazona" mas... aquela que viveria deslumbrada com ele, seria uma excelente mãe de família, amorosa, arrumada, faria bons cozinhados ao domingo e encantaria o seu primeiro amor: a mãe.
Sempre foi o menino da mamã, o único, aliás. Cheio de miminho desde que nasceu, o novo macho do núcleo, ainda hoje recebia o pequeno almoço na cama, quando dormia em casa dos pais. Lá ia a mamã dar-lhe exactamente o que gostava, como gostava, à hora certa, sempre preocupada se seria de menos ou não estaria do seu agrado.
Com a mulher foi igual. Foi "cuidado" por ela, amado por ela, retribuindo-lhe num amor grato, presente, mas não apaixonado. Consolidava uma vida tranquila, criando uma continuidade ao estilo com que cresceu e, acima de tudo, junto daquela que fora abençoada pela matriarca.
Continua o mesmo menino mimado, embora mais crescido. Com as mesmas exigências, birras e amuos de cara feia para quem não lhe fez mal nenhum. Geriu melhor o complexo, sem nunca o resolver de todo. Até porque o primeiro amor nunca se esquece, é para toda a vida.
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2 comentários:
Há mães que só sabem estragar os seus petizes, mesmo que tenham para lá de 30 anos. E ainda se orgulham disso... ai senhores!
excelente o texto =)
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