quarta-feira, 5 de março de 2008
Divagações da madrugada
26? 16? Números! Apenas números! Há tanto que o sabemos. Era apenas uma questão de tempo até perceber que mais 6, 16 ou 26 vai dar no mesmo. Depende apenas dos graus de maturação, tal como os vinhos. Não há nada que não amadureça, que não desenvolva um encanto especial. Quem encanta e quem se deixa encantar. Encantos que vamos descobrindo e que deixamos destapar. Vamo-nos deixando demorar nessas descobertas, e é bom! Cada sorriso, cada palavra, cada gesto [que parecem às vezes tirados de um mesmo manual], compensam o risco de nos apaixonarmos… E às vezes isso até acontece. Mas o que é certo é que o risco vale a pena. E arriscamos meio no ar, como se tudo fizesse parte de uma fantasia mirabolante que não encaixa na realidade. Como se as diferenças numéricas ditassem sentimentos ou probabilidades. A verdade é que a frescura dos números baixos desperta a Primavera que há em nós, assim como a solidez dos números largos traz o aconchego que se retira ao deitar a cabeça no ombro. E aproveitamos para conciliar frenesim e acalmia, balanço e descanso, impulso e ponderação. Mas por mais que ponderemos ganham o frenesim, o balanço e o impulso e por isso vamos deixando a coisa andar. E é ver o corpo num formigueiro só… como se fosse a primeira vez. Porque há toques que conhecem peles apenas pelo cheiro, olhares que vão ao fundo e decifram a tal essência, que é o mais fiel de nós, sem sequer nos sair uma palavra da boca. Quase por magia, e a medo, embarcamos num desconhecido que parece conhecer-nos de cor, que nos soube olhar para além da película e, por isso, nos faz entregar às cegas, aos poucos, tacteando. Só pelo prazer de ir e no final descobrir que números são simples divagações sequenciais de vida. Mesmo quando 1+1 são 3. Quando/se tudo terminar, porque tudo neste mundo acaba, fica a certeza de que foi bom. Deixamos um obrigada e seguimos viagem com uma experiência deliciosa na bagagem.
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