"Era domingo. (...)
Aos domingos, os pássaros são mais livres. Exibem-se em voltas no ar porque sabem que as pessoas reparam mais neles. Aos domingos, o barulho das ruas é diferente: as vozes, despreocupadas, assentam sobre o espaço vazio deixado pelas vozes ásperas dos dias de semana. Aquele era um domingo assim, era um domingo domingo, mas eu despertava de um mundo onde não havia domingos e, para mim, aquele dia era-me estranho, da mesma maneira que me teria sido estranho qualquer outro dia." [Cemitério de Pianos, José Luís Peixoto]
Hoje é domingo. Da minha janela.
Trago a cadeira de baloiço e páro-me aqui a ver o mundo correr. Do meu mundo de passos lentos questiono a velocidade estonteante com que tudo acontece: ainda ontem nasci e hoje já aqui estou prestes a ver outros nascerem. Mas isso só lá para quarta ou quinta-feira. Hoje para mim é domingo. Sabe-me bem saborear a vida assim.
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