segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Penúltimo
Fiquei sozinha. Apaguei eu própria a luz que me ilumina os dias. E tanto que me avisaram... Não o fiz por mal, pelo contrário, achava que assim não te faria sofrer. Porque aquelas palavras não traduzem o que pensas. Era isto que gostava de dizer-te. Tenho duas testemunhas: as duas pessoas que me conhecem melhor. Estão e estiveram sempre presentes na nossa construção e sabem o quanto te quero bem. Vêem-me a crescer contigo. Sabem que o que não nos mata torna-nos mais fortes e eu não quero morrer nem que me morras tu nem que morramos nós. Ajuda-me a reconstruir-me. Limpa, pura. Ralha-me, fica triste, mas perdoa-me. Assim não vivo. Ouve-me. Fala, grita, mas devolve-nos a vida. Não sei ser sem ti. Deixa-me amar-te melhor. Ajuda-me a perdoar-me. Volta!
Iras abafadas
Nem mais. Ler estas palavras relembrou-me o hálito fétido daquilo que conheço de gingeira, daquilo que tenho que gramar todos os dias, daquilo que preferia não ter sequer que ser obrigada a enfrentar, daquilo que me cansa e me distrai do que verdadeiramente interessa. Mas relembrou-me também que é o pão nosso de cada dia e que pode haver uma 3ª hipótese: ir à luta ainda que não saibamos como, por mais que os intervenientes não nos mereçam o esforço, por mais que isso nos tenha que ser arrancado das entranhas a ferro e fogo, porque não está naturalmente em nós. Sim, aquela mágoa envenena mais do que se imagina e corrói até à podridão.
sábado, 27 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
sábado, 20 de dezembro de 2008
UPA
Alguém me Ouviu (mantém-te firme), Boss AC ft Mariza [da iniciativa UPA 2008 - Unidos para Ajudar]
Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir
Eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir
Eu prometo
Nem de propósito... Há dias ofereci-te a letra, agora deixo-te a canção. Bonita. Como tu. Obrigada.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Entre linhas
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Viver no fio dos dias
Procurei o pote de ouro no fim do arco-íris há dois ou três dias atrás, não o encontrei. Corri laboratórios em busca do elixir da eterna juventude no desejo de os ajudar a tornarem a ser jovens e, por isso, mais fortes, responderam-me que desconhecem a fórmula. Procurei outro emprego por toda a cidade e cursos intensivos de terapia familiar, encontrei portas fechadas e gente demasiado ocupada com a sua própria vida.
Concluo, enfim, que a resolução terá que vir de dentro. De cada um de nós [porque sempre fui parte desta história] e de todos, como para o D'Artagnan e os Três Mosqueteiros. Esboçamos as resoluções possíveis e uma destaca-se como a mais viável. É, contudo, a que nos deixará a todos mais pobres: um de nós fará as malas e partirá por algum tempo atrás do sonho de um dia podermos todos sossegar...
sábado, 13 de dezembro de 2008
Força da natureza
We are the angry mob
The angry mob, Kaiser Chiefs
[Covilhã, 1927 - Lisboa, 2008]
O Tecido do Outono, Catarina ou o Sabor da Maçã e O Riso de Deus [um dos livros da minha vida], por ordem cronológica de leitura. Qualquer deles, livros de escrita simples e ao mesmo tempo tão complexa porque cheia de afectos e sensibilidades.
O eu é deixado a nú sem despudor de dele se deixarem às claras as alegrias e tristezas, as angústias, as excitações e os voyeurismos, os amores que não seriam bem vistos mas que mesmo assim Alçada Baptista concretiza [como o de Francisco com a sobrinha Mónica em O Riso de Deus, que o escritor deixou irem para além das conversas e concretizar toda aquela ternura num beijo], o choro e o riso...
Obrigada ao escritor que me ajudou a ficar em paz comigo.
"Tudo me leva a crer que as marcações que nos deram para o desempenho da vida passam ao lado do caminho por onde os nossos afectos poderiam fluir conforme o que está inscrito no mapa oculto do ser humano. Pressinto que continuamos fora do essencial e que as razões das circunstâncias - que, muitas vezes, são poderosas e reais - só servem para nos afastar dos enigmas que estão à frente das coisas e que nos caberia decifrar. Por, algumas vezes, até parece que a simplicidade emana do andamento da vida e que bastaria um pequeno gesto de espírito para passarmos para o lado de lá de tantas incomodidades que nos fazem viver como se tivéssemos calçado dois números abaixo da forma da alma." [O Riso de Deus, p. 13]
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Segredos delas
"Imagens ou situações eróticas muito excitantes? Estar num sítio público com um desconhecido. Junto a um balcão de um bar, por exemplo. E ele começar a meter a mão entre as minhas coxas. E eu deixar, claro. Estar deitada na praia e chegar alguém que, sem pedir licença, começa a tocar-me. E eu deixar, claro. Acho que me excita mais ser possuída - às vezes imagino, enquanto estou a ter relações, que não quero e estão a forçar-me."
E vocês?
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
A falta que um homem faz!
Seguiram-se 20 minutos em espera na linha de assistência 24 horas por dia, o pedido do reboque, a sua bendita chegada 1 hora depois e foi ver cabos a darem choques eléctricos naquele burro cansado e sem voz. Até que falou, baixinho, mas falou e rumámos a casa, com a advertência de que quando parássemos dificilmente voltaria a falar, pelo que o melhor seria deixá-lo à porta do mecânico. No meio disto tudo... Os homens fazem falta porque "panicavam" menos que nós, mas a verdade é que com ajudinhas daqui e dali até nos safámos bastante bem!
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A duas mãos pelo 1.º aniversário!
A olhar à tua tenra idade ninguém diria que tens já tantas histórias para contar, mas a verdade é que, precoce, começaste a falar assim que nasceste. Pensámos que se esgotassem as fontes da tua imaginação logo ao cabo de alguns meses, mas surpreendeste-nos! Continuas por cá fresco que nem uma alface e, apesar das inúmeras aventuras que já contaste, ainda não se te encontram a velhice ou os cabelos brancos. Fizeste-te forte, afinal!
Cheio de alegrias e tristezas, alternando entre épocas de andanças imensas e silêncios retemperadores, mas sempre a erguer o queixo depois do mergulho. Provavelmente muitas vezes te repetiste e te tornaste mais autêntico, muitas outras te revelaste ao impensável apenas porque é disso que te fazes. É isso que és. No fundo, ainda e sempre uma criança a dar os primeiros passos. Na tua Mátria.
Auto-retrato
Asas no exílio dum corpo.
os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés tem um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
O meu orgasmo é empertigado.
Quem me manda adorá-lo? Mimei-o demais.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Mãozinhas de fada
Lamento.
O laço previamente feito ainda vai, agora o resto é para esquecer. É vê-la de trombil tingido de brilhantes do papel reluzente, a cortar o papel mais torto possível, a enrolar a fita cola, a dobrar as folhas com livros em cima, a deixar pontas soltas e amarfanhadas. Mas atenção: sempre, mas sempre com um ar profundamente convicto do trabalho exímio que se está ali a desenvolver!
Só a cara de desprezo das pessoas a olhar para estas mãozinhas de fada é que me leva a pensar que, se calhar, não é bem assim.
Ninguém diria!