quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Auto-retrato

Espáduas brancas palpitantes:
Asas no exílio dum corpo.
os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés tem um coração de louça
quebrado em jogos infantis.




Natália Correia

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