segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Penúltimo

Desta janela via-se o sol. Iluminava todo o espaço em redor e ia além das fronteiras destas quatro paredes. Havia luz suficiente para aquecer todas as casas da aldeia e os corações de todos os habitantes. Certo dia vieram as trevas de mãos dadas com o bicho horrível com um olho na testa - a mentira. E tudo mudou. Passou a ser sempre noite e a alegria de viver nesta casa com vista para o sol, foi-se durante muito tempo. Para sempre? [Responde-me, por favor.]
Fiquei sozinha. Apaguei eu própria a luz que me ilumina os dias. E tanto que me avisaram... Não o fiz por mal, pelo contrário, achava que assim não te faria sofrer. Porque aquelas palavras não traduzem o que pensas. Era isto que gostava de dizer-te. Tenho duas testemunhas: as duas pessoas que me conhecem melhor. Estão e estiveram sempre presentes na nossa construção e sabem o quanto te quero bem. Vêem-me a crescer contigo. Sabem que o que não nos mata torna-nos mais fortes e eu não quero morrer nem que me morras tu nem que morramos nós. Ajuda-me a reconstruir-me. Limpa, pura. Ralha-me, fica triste, mas perdoa-me. Assim não vivo. Ouve-me. Fala, grita, mas devolve-nos a vida. Não sei ser sem ti. Deixa-me amar-te melhor. Ajuda-me a perdoar-me. Volta!

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