segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Iras abafadas

Falar cinco línguas vivas e duas mortas não traz a felicidade a ninguém. Acreditar que o conhecimento é um anel de brilhantes no nosso dedo, é mentira. Tirar de nós para dar a outrem, é inútil.Há mulheres, juro por Zeus olímpico que as há, que dão cinco erros ortográficos por cada palavra que escrevem, que julgam que os irmãos Karamazov jogam no Vitória de Setúbal,cujo quociente de egoísmo é bem mais alto do que o da inteligência. E, vá lá compreender-se porquê, conseguem, num ápice, o que outras matariam para conseguir."-Mundo muito mal feito,senhor Afonso da Maia, mundo muito mal feito." Diria Vilaça n'Os Maias.Agora, caríssimos leitores e, sobretudo, leitoras, restam duas hipóteses:1. Bater com a porta. Há um inconveniente: as portas modernas, ao contrário da estreiteza das celestes, passaram a ser demasiado pesadas2. Guardar a mágoa. Aquela mágoa que nem no leito de morte se perdoa.


Nem mais. Ler estas palavras relembrou-me o hálito fétido daquilo que conheço de gingeira, daquilo que tenho que gramar todos os dias, daquilo que preferia não ter sequer que ser obrigada a enfrentar, daquilo que me cansa e me distrai do que verdadeiramente interessa. Mas relembrou-me também que é o pão nosso de cada dia e que pode haver uma 3ª hipótese: ir à luta ainda que não saibamos como, por mais que os intervenientes não nos mereçam o esforço, por mais que isso nos tenha que ser arrancado das entranhas a ferro e fogo, porque não está naturalmente em nós. Sim, aquela mágoa envenena mais do que se imagina e corrói até à podridão.

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