segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Dias sombrios

Sete horas de um sofrimento cortante naquela casa. E amanhã e depois não será melhor: velar e enterrar o corpo. Ela também não acredita que acabemos quando nos fecham naquela caixa horrível e fria para deleite de milhares de bichinhos nojentos. Diz que não sabe em que é que acredita, mas que não lhe basta a ideia de que o pai se vai assim [penso na fatalidade de um dia perder também a minha mãe e fico gelada]. Digo-lhe com o coração pequenino que também não acredito em tal coisa, seria demasiado violento que viéssemos ao mundo só para isto. Relembro-lhe o lugar do coração e digo-lhe que de agora em diante ele viverá ali. Finge-se confortada. Finjo acreditar que a confortei. Morro. E o pior é que ela o sabe. Ainda se ao menos pudesse partilhar esta dor contigo…

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