Curtas [8]

Bem-vinda ao mundo,

pequenina!

(Fotografia de Anne Geddes)

Invasão tecnológica. Confere!

Pois é, meia dúzia de anos volvidos depois da primeira vez que sorri sem medos às novas tecnologias, eis que até já sou capaz de reconhecer que me surpreendem a cada dia. Não deixando, contudo, de me preocupar, admito que podem trazer-nos coisas boas. Quanto mais não seja, a prova provada do progresso. Reservo-me, porém, o tecer de maiores elogios, por exemplo, a uma tal SecondLife, primeiro porque não a conheço por aí além, depois porque me parece que a construção de uma vida paralela, ainda que virtual, tem sempre um quê de perversidade.

Mas, tecnológica, queria comentar que a Proto - Associação Teatro Observatório tem a partir de hoje a funcionar o TOA (Teatro Observatório da Amadora), "um espaço com dois pisos, dividido em diferentes áreas: auditório, sala de exposições, salão de chá, estúdio de produção, loja e bilheteira, armazém, filmoteca, imaginoteca e até casa de banho" (In metro de 25/06/2008). Virtual! A bem da inovação e do exercício livre da máxima criatividade, parecem dizer. Nada contra. Mas, deixa cá dar uma espreitadela para ver se percebo como é que eles pensam transportar para o espaço virtual as emoções e sentimentos que nos desperta um conjunto de actores de carne e osso, a usar da voz e do corpo num palco bem ali à nossa frente...

Samba canção*

Num corpo só, Maria Rita

Ui que se me secam os dedos de tanta ausência! Palmas para a Mariazinha que, embora com toques muito carnavalescos, lá me conquistou a noite. Sala pouco preenchida mas o bailarico e a energia inundaram o espaço por completo. Eta mulé quentxi! É claro que continuo a ter aquele gostinho especial pelo álbum de estreia, já que não há amor como o primeiro, mas - verdade seja dita - que o ritmo sambado até nas baladas me caiu bem. Muito me surpreendeu...

Bom, despeço-me com amizade que tenho que ir ali num instante inteirar-me do panorama literário. Fica aqui um sonzinho que muito me diz... Olaré!



*expressão brasuca para cuecas de homem, as chamadas "trusses", vá...

Outra vez...

Outra vez as palavras a atropelarem-se nos pensamentos e a não conseguir fazer sair mais do que um passa-se alguma coisa? Sufoco! Porque não sei fazer-te falar. Porque temo o seco nada que tinha que acabar por sair. Porque tenho medo de perguntar. Gostava de saber porque me gostas e não sei perguntar. Que planos fazes para nós e não me sai uma única palavra. No máximo atiro as perguntas para o ar, como se por brincadeira, para ver se as queres apanhar e, sem precisares de pensar, aquietares-me com as respostas.

Sempre que me deixas assim fico com o coração pequenino. Quando mal abro a porta do carro e levas a mão direita às mudanças como quem já vai atrasado para um compromisso inadiável é porque alguma coisa não está bem. Deixas-me, mesmo assim. Esboço o sorriso da criança que pergunta mas o que é que eu fiz?, mas parece que nem reparas, porque pensas que a esta sei responder. Magoei-te sem querer. Desculpa. Mas o que quero é olhar-te o sorriso e sentir que te faço feliz!

Era bom que sorríssemos amanhã!

Quando for grande...

... quero ser hospedeira de bordo. Falar o inglês, o francês, o espanhol, o italiano... Voar mais longe e dar uns toques no japonês, no mandarim, no zulu, no crioulo... Provar águas mais frias, águas mais quentes. Pisar a praia e o campo. O deserto e os mares gelados. Conhecer... Sempre!

Quando for grande quero ser viajante. Com o corpo e com a alma. Com um pé em cada país. Nem cá, nem lá. Em todo o lado e em sítio nenhum. Com a casa às costas, que foi como sempre vivi.

Não queiram agora que seja capaz de fixar-me...

I need a shot of ambition

Está a contar. A partir de agora. Mais um ciclo.

Todas as mudanças são difíceis, se não, estranhas e custa largar portos seguros ou espaços que remetem para tantas histórias boas e más.

Tenho medo, tenho vergonha, tenho cansaço, tenho dúvidas e tenho o optimismo de sempre. Há um reboliço de ideias e tarefas a definir e outras tantas a calcar, porque a poeira tem que baixar.

Possa crescer e ser mais feliz. Há imensas mãos estendidas à minha volta.


Fa fa fa, Datarock

Curtas [7]

Embarcar, voar e vencer!
Já está!

Como fazer a publicidade "apetecer"?

Anúncio Super Bock, The story, Brandi Carlile

A música, a imagem, o enredo, a espontaneidade. Autêntico cinema.

Buh!

Chegou-me a notícia da ínfima probabilidade de uma drástica mudança na tua vida. Estávamos só as duas, a uma centena de quilómetros de distância. Tu assim pequenina, sozinha, ainda me pareces mais frágil. Não incapaz, frágil, apenas. Seguravas os soluços, mas sabia-te preocupada.

Do lado de cá, respirei fundo e reiterei que continuaria do teu lado como sempre tenho estado. Assumi o papel de racionalista pura, mas só eu sei a força que fiz para não me deixar cair. Com o coração nas mãos esperei horas sem fim pela confirmação.

Negativo! Ora, tu és pequenina, não merecias que fosse outro o resultado. Foi só um sonho mau. Deu volta à cabeça e à tripa mas está no passado, já.

Com amor.

No way Jose

Se o mesmo tivesse acontecido em todos os Estados-Membros desconfio que o resultado não seria muito diferente. Provavelmente, traduzido numa abstenção gritante, mas com o intuito idêntico: protesto, desinteresse, completa ausência de informação.

Enquanto continuarmos a não chamar os cidadãos a dar o seu parecer, não nos podemos queixar da parca envolvência nas questões políticas, em geral e europeias, em particular.

Fiquei contente que a Irlanda pudesse "falar" e que se manifestasse contra. Que obrigue todas aquelas mentes brilhantes e intelectuais a descer ao "povinho" e a deixarem-se de discursos demagogos assentes no bem comum e na união dos povos iluminados, quando optam deliberadamente pela desinformação paternalista. "Deixem as altas patentes decidir antes que a vossa ignorância estrague isto tudo."

Mas não tinham já percebido com a história da Constituição que a dita Europa dos europeus não funciona assim?

Descobertas #8

Little bit, Lykke Li

O fado é meu pai, Lisboa é minha mãe e o bom filho sai conforme os pais que tem*

Meu Santo António que me perdoe
A ausência neste ano
Mas valores mais altos se alevantam
Como este meu amor magano

Muita falta me fez a festa,
O manjerico e a sardinha
Pois que não sendo cá nascida
Esta cidade também é minha

Por lá loucas andavam
Minhas companheiras de curtição
Mas ele há certos enredos
Que pedem pequena suspensão

De arquinho e balão me vou
Com a promessa na boca
Pró ano, com meu bem de braço dado
Hei-de cantar até ficar rouca!



* Marcha do Bairro Alto

Fatias paridas, rabanadas, sonhos

Pois que numa destas noites me deu para sonhar com sua excelência Meia de Leite. Muito me tenho perguntado onde fui eu buscar tal ideia e tal teor, sendo que, lá por portas e travessas, me deparava no leito de dormir em cambalhotas infindas e a modos que entediantes (coisa que nem vem ao caso). Ora, que tal personagem envergava vestes duvidosas e fazia uso de dois – como diga – cachuchos ostentando gandulagem e compromisso, que se me fixaram na memória e não mais saíram, mesmo alguns dias passados do trauma. Todo o estilo que é de seu tom se resumia a uma vil e desesperada necessidade de possessão e descarga seminal. O meu tédio e indiferença eram tais que ainda recordo os pensamentos que me surgiam:”então, deixa-me lá despir, enfiar isto num instante só para não desperdiçar, ai que canseira, estava bem era a dormir, ah já está”.

Nada do que o meu inconsciente conjecturou teria, à partida, toques de realidade. Mas… ou será que tem tudo a ver com a diluição da única poeira que me impedia de seguir caminho sem nodoazinha?

Ting, tang, tung

Bem sei que já cá tinha deixado um lamiré, mas nunca é demais referir: The Ting Tings, We started nothing. Genial, pá!

Estar com a bolha...

Estar com a bolha. Estar com a mosca. Estar torcida. Estar com ela maria. Estar com a veneta. Estar com um mau humor do caralh*.

Expressões com significados semelhantes que, para além de não terem nada de positivo, não auguram nada de bom. Senão veja-se o que fiz ontem com o mau humor: obriguei-me a acordar cedo, mas não tinha nenhum compromisso de maior; enfiei as luvas de borracha e aqui vai de limpar a casa, quando podia muito bem ter ido para a praia apanhar sol; esvaziei o roupeiro e foi ver toneladas de roupa toda enrolada, "agoras só te vais embora quando arrumares isto tudo, que até te lixas", disse de mim para mim; antes das 16h despachei as horrendas lides domésticas e permaneci enfiada em casa a estudar e a pensar na morte da bezerra, quando podia muito bem ter pegado em mim e sentar-me aí num jardim ao sol a ler. Enfim, tarefas que, inconscientemente, creio ter escolhido como forma de penitência. Penitência. Redenção. Uma espécie de autoflagelação enquanto procuro a paz. Que nem sempre encontro...

Na boca do mundo não se sabe quem é quem

Boca do mundo, Mesa


É o burburinho que anuncia o turbilhão. Mas avizinha-se o Verão e o calor. E no Verão não há tempestades...

III

Pontualmente uma árvore de ouro
nasce onde o sémen do homem
e o curso de água feminino
se fundem e as sombras se somem.

Verdura dos olhos de Anaíta
por nossas carícias semeada
que passeios de tílias nas cidades
para a pureza do encontro guarda.

Anaíta que a raiz do homem
na terra da mulher prepara
e as extremidades do mundo
num ramo de amor ata.

Anaíta que as árvores conhecem
por seu nome próprio de mirtos
e como risos as aves voam
seu fresco bater de cílios.

Matrona que à cabeça traz
a abismada bilha nos espaços
pomo celeste que se destila
no alambique dos afagos.

Anca do mundo requebrada
estrela que guarda em seu lenço
os beijos com que sopramos
a nossa bolha de silêncio.

Ouvido que o crescer dos abetos
no bosque da cópula escuta.
Mulher! oh rito de Anaíta
mistério de ser virgem e puta.


Natália Correia in Mátria

Descobertas #7

O amor dá-me tesão (Lado A), Foge, foge bandido

Manel Cruz, de volta. Numa mistura de "Cão" (Ornatos) com "Bom dia" (Pluto) e sons experimentais à maneira. Dois discos: "O amor dá-me tesão" e "Não fui eu que estraguei", num livro. Aqui.

Foi na TV que aprendi a ser puta.
Estou tão feliz por não ter uma luta.

You know how I feel

Feeling good, Muse


And I'm feeeeeeling goooood...



Grandes malhas na Belavista.

Com moustache?

Deliro com o sexo masculino quando anda ali entre os 10 e os 13 anos, mais ou menos. Quando já não se aceita enquanto "copinho de leite", mas também ainda não tem barba rija. É dar-lhes o sol na cara e ver aquele pelitos ainda fraquinhos a formarem uma bandolete por cima do lábio superior. Ainda ontem passei por um rapazito assim. Moreno. A evidenciar a bigodaça.

Ho voglia di te, disse

E eu, agora, que por mais que feche os olhos, não me vejo senão desgrenhada entre o teu cheiro. Indecente e por ervas alucinada. Só entregue aos teus desígnios, numa doce e consentida subserviência. Calo "eus" de género e desespero pela - tua - única luz que me traz flores e sol à boca.

"Tem que ser"

Fiquei aqui.

Bem sei que há que trabalhar, resolver situações pendentes, desfazer a mala e terminar o projecto entediantemente teórico, mas... não tenho vontade. Apetecia-me desaparecer, refugiar-me no prazer, esquecer leis e deveres, ir por aí bamboleando, outsider. E eis se não quando tropeço na sugestão da ruralita emigrada e deparo-me com esta análise. Porque será que não me surpreende?

What philosophy do you follow?

You scored as a Hedonism
Your life is guided by the principles of Hedonism: You believe that pleasure is a great, or the greatest, good; and you try to enjoy life’s pleasures as much as you can. “Eat, drink, and be merry, for tomorrow we die!”

Hedonism
90%
Existentialism
85%
Justice (Fairness)
70%
Utilitarianism
45%
Kantianism
35%
Strong Egoism
25%
Apathy
20%
Nihilism
5%
Divine Command
5%

All the girls standing in the line for the bathroom

Everyone nose, N.E.R.D.


De volta.

Noites libidinosas

libidinoso (Do lat. libidinõsus). 1. Que é relativo ao desejo, ao prazer sexual ou o que sugere. 2. Que revela sensualidade, desejo sexual no seu comportamento, nas suas atitudes e reacções. 3. Deprec. Que procura constantemente e sem pudor prazeres eróticos. 4. Deprec. Que é dissoluto, devasso, lascivo.