terça-feira, 10 de junho de 2008

III

Pontualmente uma árvore de ouro
nasce onde o sémen do homem
e o curso de água feminino
se fundem e as sombras se somem.

Verdura dos olhos de Anaíta
por nossas carícias semeada
que passeios de tílias nas cidades
para a pureza do encontro guarda.

Anaíta que a raiz do homem
na terra da mulher prepara
e as extremidades do mundo
num ramo de amor ata.

Anaíta que as árvores conhecem
por seu nome próprio de mirtos
e como risos as aves voam
seu fresco bater de cílios.

Matrona que à cabeça traz
a abismada bilha nos espaços
pomo celeste que se destila
no alambique dos afagos.

Anca do mundo requebrada
estrela que guarda em seu lenço
os beijos com que sopramos
a nossa bolha de silêncio.

Ouvido que o crescer dos abetos
no bosque da cópula escuta.
Mulher! oh rito de Anaíta
mistério de ser virgem e puta.


Natália Correia in Mátria

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