sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Esteticista
Sim, é o novo talento do progenitor. Tanta mariquice e "como é que hei-de fazer?" e, afinal, tenho aqui um ás da arte depilatória. Eu já tinha percebido a dificuldade em colocar/tirar a roupa da máquina, colocar/tirar a loiça da máquina, cortar as unhas dos pés e espalhar creme nas pernas. No entanto, devo afiançar que a maior das adaptações consiste no facto de deixarmos de ver a patareca. É verdade que nunca lhe prestei grande vassalagem, ela cumpria o papel dela e eu tratava dela dentro do mesmo registo. Nunca me pus, propriamente, a abrilhantá-la, a fazer-lhe penteados, a pô-la cheirosinha ou a vesti-la com requinte. Sim senhora, cumpro a minha higiene diária, mantenho-a asseada, dou-lhe uma aparadela, mas nunca andei cá com depilações a regra e esquadro, em que vai pêlo do cu e tudo. Nem fios dentais. Não me convencem pedaços minúsculos de tecido a assar-me as entranhas, naquele roça-roça o dia inteiro que nada tem de confortável. Sofrer para ser bela, mas não tanto. Para já, existem alternativas bem mais sexy com alguma transparência, um tecido mais apetecível ou uma cor ousada que, a meu ver, dão dez a zero a essa treta das bochechas celulósicas a baloiçar. Por outro lado, em alguns espécimes do género a malta até agradecia que vestissem outra coisinha que abonasse mais a seu favor, tal o espectáculo degradante que salta à vista desarmada. Bom, posto isto, lá comecei a pensar que, uma vez que a hora H se aproxima e devia ir já semi-preparada para o efeito, achei que devia fazer uma depilação às partes íntimas, não fossem as queridas enfermeiras espetar-me gilettes ferrugentas para desbravar caminho à maluca. É certo que as ditas partes não deverão ficar lá muito bem tratadas no final da tal horinha (pequenina, por amor de Deus!), mas tudo tem a sua dignidade. Aqui o parceiro da vida teve a hombridade de aceitar o repto, sacar da maquineta de cortar o cabelo e embrenhar-se na floresta negra. Pois sim, que não fiz mal a ninguém para sofrer por antecipação e esfolar-me viva com cera ou submeter-me a choques eléctricos com uma máquina depiladora. E foi assim, com muito carinho e atenção que o meu querido me tornou uma mulher nova, protegendo sempre os pontos mais sensíveis, clitorianos e afins, que no fundo dão sentido às nossas vidinhas insípidas. Aliás, garanto-vos que adorou a experiência e faz sempre bem promovermos estes momentos de intimidade mais… alternativa. Enfim, mais leve, airosa, fresca e fofa, mais exposta, é um facto, mas até tem a sua piada.
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