domingo, 17 de fevereiro de 2008

Mas faz-te bem a chuva...


Os Amantes,
René Magritte, 1928



... faz-te crescer. Disseram-me isto há bocado e a mula da minha cabeça desatou logo em considerações [sobre as quais não me apetece deter-me agora, senão nunca mais daqui saímos e ainda fico mais tempestuosa]. De facto, nos dias de sol pode cair-me a casa que normalmente fico na mesma: bem disposta, sorridente, luzidia. E aproveito para passear. Já os dias de chuva, controversos, conseguem normalmente fazer depender deles o meu estado de espírito. A não ser que irradie aquela felicidade inderrubável. Hoje não. Só se estivessemos os dois na sala em tons de castanho da casa de campo, sentados no chão sobre o tapete encarnado e laranja a saborear um bom vinho tinto com o fogo a arder à nossa frente. E em nós. Corpos nús, colados, molhados e sedentos e depois cansados e mesmo assim sedentos e cansados novamente e, por fim, meio adormecidos, nunca completamente, porque o formigueiro de te sentir mais uma vez fica cá sempre [por isso te procuro mesmo quando não me apercebo]. Ah, esse teu cheiro que se espalha nos tais movimentos fundos! Quem dera ter-te aqui agora para te mostrar o quanto te quero bem e aos poucos deixarmos cair a venda para podermos deliciar-nos com o que para além dela se esconde. Vens visitar-me amanhã?

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