domingo, 24 de fevereiro de 2008

"Muito pra mim é tão pouco e pouco eu não quero mais"

Perturbas-me, já sabes. De noite vens de mansinho sussurrar-me palavras indecentes ao ouvido, para me atormentares os sonhos e me fazeres vaguear em fantasias caladas. Os dias nascem e a calmia regressa só até cair o sol de novo e com ele o teu sopro, a trespassar-me a alma e a gelar-me os ossos.

Quero-te no hoje, o que significa amanhã? Já nada faz sentido entre o amar, o confiar, o desejar e o pensar. Há uma mescla colorida de quereres, como um lindo bouquet de rosas com pequenos espinhos escondidos, bem apertadinhos em papel de prata para não magoar, mas sem lhes retirar a essência.

Se calhar assustaram-me os olhos que penetram e ferem o meu mais secreto, de tão sinceros e intensos. Não tenho a mínima vontade de mergulhar no oculto e não me move a luxúria, mas impõe-se o mais e o melhor de cada partícula dos dias partilhados. Nada menos que isso. Tudo de mim a seguir.


Muito pouco, Maria Rita

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