Tenho cá para mim que as grandes mudanças acontecem com o virar de cada estação. Sobretudo na virada para a Primavera e para o Outono. As estações que entremeiam as outras mais rigorosas. No Verão e no Inverno somos mais pachorrentos, eu acho. Por um lado, deixamo-nos ir arrastando o chinelo porque um simples levantar de perna deixa-nos o corpo num pingo; por outro, nem sequer ousamos trazer os dentes de fora receosos da possibilidade de congelarmos a qualquer momento. Pois que sobram a Primavera e o Outono. Da primeira dizem que faz andar passarinho novo de roda da orelhinha de cada um; do segundo dizem que traz o cinzento e os dias mais pequenos. Mas é capaz de ser a estação de que mais gosto. O Outono. As folhas amarelas, aquele friozinho por baixo da camisola de algodão, os primeiros casacos, as botas que entretanto terão que sair do armário, a chuva miudinha que cai lá fora enquanto nos deleitamos com um café quente e um bom livro ou um filmezinho de domingo à tarde debaixo da mantinha e alternamos, deliciados, entre os estados de sono e de vigília. Porque nessas tardes nunca estamos realmente acordados.
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