A noite caía devagar, largando a claridade de um dia cheio. A correria das ruas atordoava os demais deixando espaço aos sons que surgiam despercebidos. O ar era frio mas nem por isso menos quente, pelo menos assim o denunciava o vapor que saía das bocas. De entre as oliveiras soltava-se o fumo da lareira, o açúcar das filhoses, os laços dos presentes, o tocar dos sinos e, nas casas, tudo se passava de maneira igual. Tranquilas. Alheias. A lua estava gorda, laranja e infinitas estrelas dançavam à sua volta num rodopiar frenético, voraz, embriagado. Louco. A música da brisa fria que passava entre as folhas servia a banda sonora do remake de um filme antigo, num misto de cheiros místicos, pagãos, enfeitiçados. A exaustão dos sentidos facilitava a sensação de que o mundo fazia sentido.
A dúvida, um abraço. Uma pergunta, o beijo. Aquele olhar, um "Feliz Natal".
E a noite tocava assim...
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