"O meu desejo é fugir. Fugir ao que conheço, fugir ao que é meu, fugir ao que amo. Desejo partir - não para as Índias impossíveis, ou para as grandes ilhas ao Sul de tudo, mas para o lugar qualquer - aldeia ou ermo - que tenha em si o não ser este lugar. Quero não ver mais estes rostos, estes hábitos e estes dias. Quero repousar, alheio do meu fingimento orgânico. Quero sentir o sono chegar como vida, e não como repouso. Uma cabana à beira mar, uma caverna, até, no socalco rugoso de uma serra, me pode dar isto. Infelizmente só a minha vontade me o não pode dar."
[Bernardo Soares, Livro do Desassossego]
Por outro lado, quando penso em ti, minha amiga maior que o pensamento, pergunto-me: que direito tenho eu de querer fugir?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário