sexta-feira, 31 de julho de 2009
Coisas
Que eu sou um bocado destravada já não é novidade para ninguém. É coisa que já não surpreende nenhum dos mortais que comigo se cruza. Há até quem me apelide de Louca! Mas adiante... Apesar disso, consigo a proeza de continuar a surpreender-me a mim própria. Acabei de ir da casa de banho. Depois do xixi, parei-me em frente ao espelho enquanto lavava as mãos e achei a camisolinha que trago vestida (que é nova!) muito original: "Ah! Que giro! Os quatro botõezinhos que tem à frente não se vêem senão do lado de dentro. Viste?! Ele há coisas... Já fazem de tudo!". Mas não fiquei convencida. Tornei a olhar, agora com mais atenção e... "As costuras a verem-se também?! Mau! Isto é demasiada originalidade, não?". Então não é? Trouxe esta merda vestida ao contrário desde casa e só reparei agora. Já falei com o senhor do bar, com a senhora da portaria, já dei informações a um estudante que por aqui andava perdido e tudo assim com esta originalidade toda. Por sorte cortei aquela etiqueta enorme que costuma vir dentro, precisamente agarrada à costura de um dos lados. Não é uma loucura, mas é uma "baita" de uma distracção. Enfim, é o que faz ficar acordada até tarde, dormir pouco e, sobretudo, ser míope!
Sincerely, L. Cohen
Foi assim que tentou ontem fechar o concerto, mas o público pediu mais. Tocou mais umas quantas, terminou com aquilo a que chamou uma oração, após o que juntou os músicos para trautearem uma melodia enquanto ele se ocupava das despedidas. O L. Cohen é um senhor! Humildade, simpatia, bom gosto e tudo o mais se tudo o mais coubesse nas palavras. Foram cerca de 2h30 de boa música, boa disposição. Sossego. A minha mãe esteve num misto de sossego e nervosismo, a barriguinha às voltas, tal e qual uma adolescente. Agradeço ao Cohen ter-lhe proporcionado tanta emoção. Um dia, quando ela for, irá mais feliz, é um sonho concretizado. Mas esse dia terá que tardar porque ainda preciso daquela mão a agarrar cheia de força na minha em mais duas ou três mãos cheias de concertos.
[Propositadamente subtraio-me ao sacrifício de fazer referência ao péssimo som que chega aos balcões no Pavilhão Atlântico. É um pormenor mesmo muito pequenino...]
[Propositadamente subtraio-me ao sacrifício de fazer referência ao péssimo som que chega aos balcões no Pavilhão Atlântico. É um pormenor mesmo muito pequenino...]
quarta-feira, 29 de julho de 2009
Look me in the eye and tell me love is never based upon insanity
Cheira a noite, casa e média luz. A corpos emaranhados, suados, sedentos. Cheira a Verão também. Ao desejo de um fim de tarde na praia, sem tempo, à sombra de uma rocha, dentro de uma gruta. Os dois. E a Melody.
terça-feira, 28 de julho de 2009
Eu deixava...
Por estes dias
A ansiedade, o coração apertadinho. "Estará bem?", "Tenho que fazer a mala!", "Quanto tempo mais?", "Vai doer?", "Será perfeita e sáudável?", "Falta comprar isto!", "Não te enerves, não lhe faz bem!"
Vou comparando barrigas, para me distrair...
Leituras aleatórias
"Estavam ali diante dos meus olhos, e era terrível e ao mesmo tempo fascinante.
Ao princípio pensei que ele a estava a matar, logo a seguir percebi que não, que talvez ambos estivessem a morrer, só depois qualquer apelo misterioso e distante se fez carne em mim. Então todo eu fiquei amarrado aos seus gestos, àquela respiração fatigada e difícil, àquele balbucio que lhes saía ralo da boca.
Os seios de Maria caíam nus da blusa. Uma das mãos do carpinteiro perdia-se nos seus cabelos emaranhados, a outra parecia ter-se enterrado na areia. O resto era aquele corpo todo de homem fremente e quase hirto, ao mesmo tempo, à força de concentrar o ímpeto nas nádegas , arco donde a flecha partia, para se cravar, com uma violência próxima do desespero, nas entranhas ardentes e sombrias da rapariga. Parecia um cavalo ofegante - os olhos cerrados, o suor escorrendo da raiz dos cabelos, espalhando-se pelas costas, pelos flancos, pelas pernas, quase todas descobertas. Um cavalo cego mordendo o céu branco de Agosto. Mas a voz da terra chamou-o, e um relincho prolongado encheu o leito do ribeiro e morreu no alto dos amieiros. Por fim a paz de Deus desceu ao mundo.
Maria olhava o carpinteiro com uns olhos rasos de espanto, como quem tivesse perdido tudo naquele instante. Lentamente passou-lhe a mão pelo cabelo, numa carícia tímida, e começou a chorar. O carpinteiro olhou-a também, mas os seus olhos eram diferentes, havia neles sombra e solidão. Eram uns olhos nocturnos, negros como poços fundos, afirmavam a morte.
Sem uma palavra, o homem ergueu-se e começou a mijar.
(...)
Era um silêncio no areal, nas árvores, nas nuvens. Um silêncio na tarde, na rua, nas casas. Um silêncio no pão, na água. Um silêncio que se tornava dia a dia mais pesado, mais devorador.
Um silêncio feito dos seios de Maria, dos flancos suados do carpinteiro, que me despertava a carne durante a noite, me fechava os olhos pela madrugada, me dava vontade de fugir durante o dia..."
Eugénio de Andrade, Fábula [in Correia, Natália (2008, 5.ª edição). Antologia Portuguesa de Poesia Erótica e Satírica. Lisboa: Antígona - Frenesi]
Ao princípio pensei que ele a estava a matar, logo a seguir percebi que não, que talvez ambos estivessem a morrer, só depois qualquer apelo misterioso e distante se fez carne em mim. Então todo eu fiquei amarrado aos seus gestos, àquela respiração fatigada e difícil, àquele balbucio que lhes saía ralo da boca.
Os seios de Maria caíam nus da blusa. Uma das mãos do carpinteiro perdia-se nos seus cabelos emaranhados, a outra parecia ter-se enterrado na areia. O resto era aquele corpo todo de homem fremente e quase hirto, ao mesmo tempo, à força de concentrar o ímpeto nas nádegas , arco donde a flecha partia, para se cravar, com uma violência próxima do desespero, nas entranhas ardentes e sombrias da rapariga. Parecia um cavalo ofegante - os olhos cerrados, o suor escorrendo da raiz dos cabelos, espalhando-se pelas costas, pelos flancos, pelas pernas, quase todas descobertas. Um cavalo cego mordendo o céu branco de Agosto. Mas a voz da terra chamou-o, e um relincho prolongado encheu o leito do ribeiro e morreu no alto dos amieiros. Por fim a paz de Deus desceu ao mundo.
Maria olhava o carpinteiro com uns olhos rasos de espanto, como quem tivesse perdido tudo naquele instante. Lentamente passou-lhe a mão pelo cabelo, numa carícia tímida, e começou a chorar. O carpinteiro olhou-a também, mas os seus olhos eram diferentes, havia neles sombra e solidão. Eram uns olhos nocturnos, negros como poços fundos, afirmavam a morte.
Sem uma palavra, o homem ergueu-se e começou a mijar.
(...)
Era um silêncio no areal, nas árvores, nas nuvens. Um silêncio na tarde, na rua, nas casas. Um silêncio no pão, na água. Um silêncio que se tornava dia a dia mais pesado, mais devorador.
Um silêncio feito dos seios de Maria, dos flancos suados do carpinteiro, que me despertava a carne durante a noite, me fechava os olhos pela madrugada, me dava vontade de fugir durante o dia..."
Eugénio de Andrade, Fábula [in Correia, Natália (2008, 5.ª edição). Antologia Portuguesa de Poesia Erótica e Satírica. Lisboa: Antígona - Frenesi]
segunda-feira, 27 de julho de 2009
A saudade é o revés de um parto
A melhor canção sobre "fins". É muito, muito bonita. Fala de saudade como nenhuma outra. Da perda, do final daquilo que havia a dois e que acabou. Do sentimento que fica, como que entranhado, sem forma de sair, a corroer. "Cutucando, relembrando, reabrindo a mesma velha ferida", como dizia a Maria Rita.
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
Oh, pedaço de mim
Oh, metade afastada de mim
Leva o teu olhar
Que a saudade é o pior tormento
É pior do que o esquecimento
É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim
Oh, metade exilada de mim
Leva os teus sinais
Que a saudade dói como um barco
Que aos poucos descreve um arco
E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim
Oh, metade arrancada de mim
Leva o vulto teu
Que a saudade é o revés de um parto
A saudade é arrumar o quarto
Do filho que já morreu
Oh, pedaço de mim
Oh, metade amputada de mim
Leva o que há de ti
Que a saudade dói latejada
É assim como uma fisgada
No membro que já perdi
Oh, pedaço de mim
Oh, metade adorada de mim
Lava os olhos meus
Que a saudade é o pior castigo
E eu não quero levar comigo
A mortalha do amor
Adeus
domingo, 26 de julho de 2009
And the stars look very different today
Desde ontem que ando com esta na cabeça. Não me farto de a trautear. É bonita na voz do Bowie, mas tem outra magia aqui cantada pela Natalie Merchant! Não conhecia esta versão, mostrou-ma uma amiga um destes dias. Obrigada R. [O crescendo do 1min 17seg ao 1min 28seg é delicioso!]
sábado, 25 de julho de 2009
Máquina Fotográfica
É na câmara escura dos teus olhos
que se revela a água
água imagem
água nítida e fixa
água paisagem
boca nariz cabelos e cintura
terra sem nome
rosto sem figura
água móvel nos rios
parada nos retratos
água escorrida e pura
água viagem trânsito hiato.
Chego de longe. Venho em férias. Estou cansado.
Já suei o suor de oito séculos de mar
o tempo de onze meses de ordenado;
por isso, meu amor, viajo a nado
não por ser português mal empregado
mas por sofrer dos pés
e estar desidratado.
Chego. Mudo de fato. Calço a idade
que melhor quadra à minha solidão
e saio a procurar-te na cidade
contrastada violenta negativa
tu única sombra murmurada
única rua mal iluminada
única imagem desfocada e viva.
Moras aonde eu sei.
É na distância
onde chego de táxi.
Sou turista
com trinta e seis hipóteses no rolo;
venho ao teu miradoiro ver a vista
trago a minha tristeza a tiracolo.
Enquadro-te regulo-te disparo-te
revelo-te retoco-te repito-te
compro um frasco de tédio e um aparo
nas tuas costas ponho uma estampilha
e escrevo aos meus amigos que estão longe
charmant pays
the sun is shining
love.
Emendo-te rasuro-te preencho-te
assino-te destino-te comando-te
és o lugar concreto onde procuro
a noite de passagem o abrigo seguro
a hora de acordar que se diz ao porteiro
o tempo que não segue o tempo em que não duro
senão um dia inteiro.
Invento-te desbravo-te desvendo-te
surges letra por letra, película sonora,
do sendo à vogal do tema à consoante
sem presença no espaço sem diferença na hora.
És a rota da Índia o sarcasmo do vento
a cãibra do gajeiro o erro do sextante
o acaso a maré o mapa a descoberta
dum novo continente itinerante.
Ary dos Santos
Quero aqui agradecer
Ao Jorge. O cozinheiro aqui do Restô que, a bem dizer, me mima como tudo! Claro que se deve a este meu estado de graça irresistível quando chego a pedir um petit gateau a desejos. E é isto que ele me apresenta (este não é exactamente o original, é só para ficar a ideia) com toda a finesse, sim, que os olhos também comem. O que eu me deleito a saborear esta bomba de chocolate quente, dentro do bolo mole acompanhado de um sorbet de pêssego, com um piqueno topping de frutos silvestres, açúcar em pó e o raminho de hortelã. É todo um clímax de sabor que não conseguirei nunca expor em palavras. E viva o Jorge que é de Ponte de Sôr!
Na onda dos Discos Pedidos com dedicatória
Esta vai para a Adrianita, de volta ao México. Ela que me deu a conhecer Lila Downs.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Taquetinho ou lebas nu fucinho [1982]
Anteontem, o homem lá de casa, que conta com mais seis anitos do que eu, redescobriu hits da nossa música portuguesa que são o máximo. Entre outros, ficou-me este no ouvido. É dos 80's e é muito bom! Um sentido de humor à maneira e um teledisco do melhor. Desejo a todos um bom dia e boa música!
Gosto principalmente da seguinte passagem:
Cala essa boca
Não digas isso
Isso é pecado
Olhó teu pai
E o Jesus, fica zangado
"E o Jesus" é absolutamente sublime!
Gosto principalmente da seguinte passagem:
Cala essa boca
Não digas isso
Isso é pecado
Olhó teu pai
E o Jesus, fica zangado
"E o Jesus" é absolutamente sublime!
quinta-feira, 23 de julho de 2009
O meu secador de cabelo é mais inteligente do que eu!
Ora, esta manhã [manhã sim para lavar o cabelo], estava eu já vestidinha, puxei do secador, liguei-o à tomada, pus o botãozinho para cima [para baixo deita ar frio e eu não gosto] e zuuuuuuuuuuuuuuuuuuummmmm, iniciei a tarefa de secar esta meia dúzia de cabelitos mal plantados. Praticamente no mesmo segundo, lembrei-me que tenho uma cabeça malvada capaz de se esquecer de umas poucas de coisas por dia e peguei no telemóvel e: tecla do meio, números 1 e 0 [teclas de atalho para as Lembranças] e comecei a desfiar o que não podia esquecer de fazer hoje. Eis quando o secador faz pum! [baixinho, mas fez!] e pára de funcionar. Ora o que é que sucede? Esqueci-me por momentos que estava a secar o cabelo e, consequentemente, esqueci-me de manter o secador afastado da carapinha, apanhou-me o cabelinho e em vez de me deixar a cabeça em chamas, decidiu pifar, calou-se, foi ouvir o relato. É por isto que o meu secador é mais inteligente do que eu.
terça-feira, 21 de julho de 2009
Auto-comiseração
Há pessoas que nos fazem mal só de estar perto. São tóxicas. Dissimuladas, vão largando o veneno até, sem percebermos porquê, não conseguirmos respirar mais. Querem o melhor para si, através do mal dos outros e enredam-se de estratagemas para o conseguir da forma mais cor-de-rosa possível. Tudo é perfeito à superfície e por dentro é de uma podridão que tresanda. Conseguem estimular-nos a sentir o que não queremos, a agir como não queremos e sempre em benefício próprio. São verdadeiros manipuladores de mentes e comportamentos. Comigo o extremo é a indiferença. Não puxo cabelos, não parto para a estalada, não discuto aos gritos e não lixo a vida a ninguém. Guardo para mim o que poderia aliviar sendo exteriorizado, mas que não vale mesmo a pena, não fará a mínima diferença, não mudará absolutamente nada. Continuo com a ideia estúpida – e mais cómoda, provavelmente – de que um sorriso é a melhor arma para quem não merece mais nada.
Outros, por sua vez, não valem o resto do peido furado. Cada vez me convenço mais que não há cá associativismos. Eu sou pelos encaixes. Ou há ou não há. O esforço para a inserção rindo da piadola seca ou conversando sobre o vestido da montra do shopping não me entra cá no sistema de sociabilidade. Muito menos quando anda por aí latente uma vontade mínima de trabalhar por parte desta, já apelidada, geração rebelde/morangos com açúcar. Querem horário limpinho das 9 às 5, preocupam-se com o ordenado ao final do mês, marcação de férias, subsídios e o resto que se foda. Horas extra? Naaa, não são pagos para isso. Mesmo que seja para ajudar outros colegas? Temos pena. Ninguém tem culpa. Como mexer o rabo é difícil e por orgulho se recusam a ver que há diferença de funções, lêem revistas, fazem-se de esquecidos ao que lhes é pedido, chegam a desobedecer ao que lhes foi indicado e têm tempo de sobra para enredos e intrigas. Essa sim é a sua função dominante, e para a qual têm já Doutoramento! Quando não há, inventam, se alguém lhes acena com cusquice fresca, mordem rapidamente o isco. Aí dá semanas e semanas de conversa, chatice, zangas, problemas, jogos, ilações do arco-da-velha… por uma merda sem jeito nenhum que nunca aconteceu, nunca foi verdade. São assim estas vidinhas. Não dão duas no português falado ou escrito pós curso profissional oferecido/novas oportunidades, acham-se donos e senhores dos seus direitos, não sabem o que são deveres e não estão muito ralados com isso. Até porque se a coisa der para o torto não têm propriamente família para sustentar, uma casa para manter, um curso para acabar, um objectivo de vida que seja. Moram com os pais, têm o seu namorado(a) e basta-lhes alguns trocos para as férias na Nazaré ou na Praia da Vieira, as leggings roxas ou um copo no Seven.
Não consigo. Não há encaixe. Não há encaixe. Reciclem-me esta gente!
Outros, por sua vez, não valem o resto do peido furado. Cada vez me convenço mais que não há cá associativismos. Eu sou pelos encaixes. Ou há ou não há. O esforço para a inserção rindo da piadola seca ou conversando sobre o vestido da montra do shopping não me entra cá no sistema de sociabilidade. Muito menos quando anda por aí latente uma vontade mínima de trabalhar por parte desta, já apelidada, geração rebelde/morangos com açúcar. Querem horário limpinho das 9 às 5, preocupam-se com o ordenado ao final do mês, marcação de férias, subsídios e o resto que se foda. Horas extra? Naaa, não são pagos para isso. Mesmo que seja para ajudar outros colegas? Temos pena. Ninguém tem culpa. Como mexer o rabo é difícil e por orgulho se recusam a ver que há diferença de funções, lêem revistas, fazem-se de esquecidos ao que lhes é pedido, chegam a desobedecer ao que lhes foi indicado e têm tempo de sobra para enredos e intrigas. Essa sim é a sua função dominante, e para a qual têm já Doutoramento! Quando não há, inventam, se alguém lhes acena com cusquice fresca, mordem rapidamente o isco. Aí dá semanas e semanas de conversa, chatice, zangas, problemas, jogos, ilações do arco-da-velha… por uma merda sem jeito nenhum que nunca aconteceu, nunca foi verdade. São assim estas vidinhas. Não dão duas no português falado ou escrito pós curso profissional oferecido/novas oportunidades, acham-se donos e senhores dos seus direitos, não sabem o que são deveres e não estão muito ralados com isso. Até porque se a coisa der para o torto não têm propriamente família para sustentar, uma casa para manter, um curso para acabar, um objectivo de vida que seja. Moram com os pais, têm o seu namorado(a) e basta-lhes alguns trocos para as férias na Nazaré ou na Praia da Vieira, as leggings roxas ou um copo no Seven.
Não consigo. Não há encaixe. Não há encaixe. Reciclem-me esta gente!
Copinho de leite não entra!
Parece que um dia destes é capaz de contracenar com a Julia Roberts, mas isso não é, mesmo, o que sobressai...
Benicio del Toro. E o nome diz tudo! [Um dos critérios era ter barba, mas este menino vale mesmo assim!]
[A ideia original era serem só os dois de cima e era o que bastava, diga-se! Mas vieram-me à memória os dois seguintes e não consegui evitar. Enjoy yourselves!]
Brad Pitt, em Babel. Nota 10!
Gael Garcia Bernal, de uma colheita mais recente, mas está aqui um rico menino!
No dia em que se comemora o quadragésimo aniversário da chegada do Homem à lua, uma homenagem? Nááááá! Um miminho, só.
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Isto é muito bom!
Tenho dores fechadas em caixinhas
contra mim
contra ti
contra lá
contra os dias que passam a meu lado
Tenho dores fechadas em caixinhas
contra aqui
contra ali
contra cá
que me dizem estou aqui, estamos lá
Ah diz-me lá,
Ah diz-me aqui,
Oxalá, oxalá te veja ao meu lado ao pé de mim, ao pé de mim...
Tenho dores fechadas em caixinhas
contra mim
contra ti
contra lá
contra os dias que passam a meu lado
Tenho dores fechadas em caixinhas
contra aqui
contra ali
contra cá
mas que me dizem estou aqui, estamos lá...
Ah diz-me lá, Ah diz-me aqui,
Oxalá, oxalá te veja a meu lado ao pé de mim, ao pé de mim...
Ah oxalá te veja ao meu lado, ah oxalá te veja bem aqui,
Ai oxalá te veja a meu lado, ao pé de mim, ao pé de mim...
Glória à Hermínia, ao Marceneiro e tais fadistas
Glória à ginginha, ao medronho e à Revista
Glória!
Contra mim, contra ti, contra lá
Contra aqui, contra ali, contra lá
Contra mim, contra ti, contra lá
domingo, 19 de julho de 2009
Ao meu querido Rasta
Porque me lembro dele e das suas fantasias Bondage entre o poder e a submissão, sempre que a oiço. Porque é uma música extremamente quente e sensual, como aliás esta trupe sempre nos habituou. Nunca esqueço a noite em que os vi no Campo Pequeno (péssimo recinto para um concerto, a propósito) em que vibrou ali uma energia entre o público como nunca tinha visto. Emanava uma sexualidade naquela gente toda, principalmente emitida por esta loura, de nome Nadeah Miranda. Que loucura, que energia...! Nós ficámos contagiados.
O Miguel e o seu diário
Ainda que não tenha lido grande coisa a seu favor, lá me rendi. Até porque há que saber do que se fala mesmo para dizer mal. Tentei abstrair-me da personagem prepotente e mergulhar de peito aberto nas suas palavras, nem que fosse pelo nome da protagonista. A verdade é que me cansam as descrições da viagem e parece demasiado “diário”, escrito entre um cigarro e outro só para não esquecer aquele episódio, naquele dia, em que jipe isto e o milho cozido aquilo. Que me perdoe a exigência, mas há certos estatutos aos quais já se espera outro nível. Além de que, depois, dá-me a sensação de que foi escrito a martelo para vender o nome mais do que o conteúdo, ainda mais depois de todo banzé à volta do portátil roubado e a série da TVI. Gosto da dupla, sim. Romântica com pinta. Faz-me lembrar alguém que adorava fotografar, que tinha uma musa loura, de ar rebeldemente frágil com quem se imaginava a viver mil aventuras até a rotina lhe bater à porta e fugir. Viver sempre na crista da paixão tem destes impasses chatos… Mais vale ser momentâneo, mágico no tempo, do que vir-lhe a conhecer a face menos fulgurante para perder a piada toda. Então aí não fica nada, fica só mais uma história. Deve ter sido por isso que este livro surgiu, para imortalizar momentos inefáveis tal o encanto que lhe foi impresso, exactamente por isso: por ter durado o tempo certo da paixão. Não é novidade nenhuma para ninguém e rendo-me, tal como previa, ao insosso do livro.
A Rosinha lá sabe
O macho lá de casa acordou-me com esta hoje. Um hit. Não sei se a intenção era algum incentivo de qualquer espécie. Não percebi nada, a não ser que a modinha não me saía da cabeça!
sábado, 18 de julho de 2009
Estados de choque
Depois das pérolas “Português suave” que só se vende na máquina no piso debaixo e do “Guerra e Paz” de um tal de Toy Story, eis que a minha boca se abre perante o cenário que menos esperava: a miúda que faz um part-time ao fim-de-semana está a ler Tchekov, enquanto as restantes colegas esmiúçam a Nova Gente. E assim continuará. A que lê Tchekov vai à vida dela um dia destes e as restantes ousarão uma Caras ou Tv 7 Dias. Ligar-me-ão aflitas a dizer que o livro vem com gralha, porque um tio nunca se pode chamar Vânia, mas conhecerão à estria as mulheres do Cristiano Ronaldo.
Julinho da Adelaide
Continua a deslumbrar-me. Escreve tremendamente bem, seja em que estilo for. Diz que as frases têm que fazer um sentido melódico, tal como numa canção. E é verdade, cada frase aconchega, tem um balanço qualquer que dá prazer só de ler a cadência. Criou um velho que entristece, sem laivos de presunção. Não concordo, o nome não me inspira um "escritor ruim", pelo contrário, o nome poder-se-á até sobrepôr à sua qualidade literária. Mas não, é mesmo bom.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
E aí chefia?
Esta música é espectacular! E a letra, do melhor!
Pensas que não sou feliz, entras com roupa de estreia
Deves pensar que ando louco, louco para mudar de ideia, não...
Pensas que não sou feliz, entras com roupa de estreia
Deves saber que eu ando louco, chefia, louco para mudar de ideia
E gosto muito deste último verso e da referência à "chefia". Muito bom!
Pensas que não sou feliz, entras com roupa de estreia
Deves pensar que ando louco, louco para mudar de ideia, não...
Pensas que não sou feliz, entras com roupa de estreia
Deves saber que eu ando louco, chefia, louco para mudar de ideia
E gosto muito deste último verso e da referência à "chefia". Muito bom!
Corpo
Sempre tive a ideia de um corpo de mulher pós-gravidez, assim a dar para o flácido, usado, desgastado, sem o brilho dos tempos áureos. Questiono-me sobre como estará o meu a seguir, se será possível emitir a mesma energia sexual, se uma vagina que expeliu um ser continua a ser apetecível, vigorosa. Acredito que seja completamente estúpida esta ideia, até porque não me agrada nada a ideia contraposta de virgindade, como algo de vigoroso e fresco. Corpo que se preze deve saber o que quer e como quer. Deve saber fazer-se perceber, exprimir-se com naturalidade e criar em si mesmo um aroma a vinho maduro, pleno de sedução, vermelho e aveludado. Nada demasiado verde, nem… seco, que mirre, enfezado. É certo que dependerá sempre do corpo e do cuidado que temos com ele, mas será que perde a cor ou ganha um gosto especial?
A Marisa (carregar bastante no primeiro A) é a maior!
- Mas para que é que eu quero ir para o céu?! Não está lá ninguém que eu conheça...
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Momento "Pecado do dia"
É aquele em que me apresento degustando aquele blog de mulheres nuas ali do lado e me entra uma freira porta adentro. Penso: "isto é um sinal". Mas logo me foge daí o pensamento, quando esta querida Irmã me pergunta pelos produtos dietéticos que tinhamos antigamente.
- Produtos dietéticos nunca tivemos...
- Sim, aquelazzz compotazzz e aquelezzz docezzz com as bolachinhazzz?
- Ah... esses produtos... dietéticos.
Filha, se isso para ti são produtos dietéticos, ver gajas nuas é uma saladinha de aipo!
Cada um com a sua... gula!
- Produtos dietéticos nunca tivemos...
- Sim, aquelazzz compotazzz e aquelezzz docezzz com as bolachinhazzz?
- Ah... esses produtos... dietéticos.
Filha, se isso para ti são produtos dietéticos, ver gajas nuas é uma saladinha de aipo!
Cada um com a sua... gula!
Conjecturar
Conjecturar é bom. Eu conjecturo, ela conjectura, nós conjecturamos. E assim passamos grande parte do tempo: a mandar bitaites sobre isto e aquilo, a tecer considerações, a pôr hipóteses, a tirar conclusões mesmo de coisas de que não sabemos bem as premissas de que se parte. Melhor ainda é quando a conversa começa a ramificar-se e pimbas: falamos sobre tudo ao mesmo tempo, mas não perdemos o fio à meada. Enfim... tecnologices do pensamento, constantemente em rede, qual passeio pela dâbliu, dâbliu, dâbliu.
terça-feira, 14 de julho de 2009
segunda-feira, 13 de julho de 2009
O problema é que não me conheço...
Acho sempre que vejo as coisas com muita clareza, que sou a maior na compreensão dos afectos, que sou muito libertária e pouco moralista e que assim é que é bom. Mas não sou nada disto. Sou um amontoado de experiências sobre as quais nem sempre reflicto o suficiente e/ou suficientemente bem e que, por isso, nem sempre espelham grandes aprendizagens, o que acaba por ser uma grandessíssima estupidez por traduzir uma extrema falta de interesse em mim própria, em fazer-me feliz e, inevitalvelmente, a quem estiver comigo. E estou cansada disto.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Tiros nos afectos
- E agora ia na rua a pensar que se me dessem um tiro no braço, tudo custava menos.
- Porque desviavas para o braço o foco da dor...
Tem razão, a J. Foi o que senti ontem quando a M. me queimou o pulso com um cigarro. O problema é que a intensidade da dor não tem nada que ver com a de se ser perpassado por uma bala, de certeza. Queimou-me, doeu, ardeu, mas 5 minutos depois já não era nada. Ao menos, com o tiro, mesmo que a dor até passasse relativamente rápido, ficava o buraquinho a lembrar que as dores físicas também são tramadas. O pior é que mesmo tramadas, acabam por passar. Ao contrário das outras...
- Porque desviavas para o braço o foco da dor...
Tem razão, a J. Foi o que senti ontem quando a M. me queimou o pulso com um cigarro. O problema é que a intensidade da dor não tem nada que ver com a de se ser perpassado por uma bala, de certeza. Queimou-me, doeu, ardeu, mas 5 minutos depois já não era nada. Ao menos, com o tiro, mesmo que a dor até passasse relativamente rápido, ficava o buraquinho a lembrar que as dores físicas também são tramadas. O pior é que mesmo tramadas, acabam por passar. Ao contrário das outras...
De verbos
Eu flano
Tu flanas
Ele flana
Nós flanamos
Vós flanais
Eles flanam
Flanar: Passear ociosamente; laurear; flainar (Do fr. flaner, «andar sem destino»)
Este aprendi há uns meses em Bragança, quando a A. dizia alegremente: Quando chegarmos a Lisboa, vou ligar ao A. para ainda irmos flanar um bocadinho.
Afinal flanar não era um seu neologismo. É só um daqueles verbos que ficou perdido no tempo. É bonito. Faz lembrar qualquer coisa ainda mais livre que passear, faz sorrir e imaginar os campos floridos da Holanda [que só conheço de postais]. Flanar... flanar é campo, aqui na cidade não cabe.
Tu flanas
Ele flana
Nós flanamos
Vós flanais
Eles flanam
Flanar: Passear ociosamente; laurear; flainar (Do fr. flaner, «andar sem destino»)
Este aprendi há uns meses em Bragança, quando a A. dizia alegremente: Quando chegarmos a Lisboa, vou ligar ao A. para ainda irmos flanar um bocadinho.
Afinal flanar não era um seu neologismo. É só um daqueles verbos que ficou perdido no tempo. É bonito. Faz lembrar qualquer coisa ainda mais livre que passear, faz sorrir e imaginar os campos floridos da Holanda [que só conheço de postais]. Flanar... flanar é campo, aqui na cidade não cabe.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Gostoso pra xuxu
Vi-o ao final do dia. A correr. A luz alaranjada da hora, o calor ainda tórrido e aquele composto orgânico a balançar os membros vigorosamente, suado, calção a deixar conhecer mais músculos e t-shirt a bailar ao vento, roçando ao de leve as costas molhadas. Nunca lhe achei grande piada. Tem um ar betinho, demasiado certinho para os meus parâmetros. Aloirado, olhos claros, tudo o que veste é de qualidade, com combinações de cores e estilos ao pormenor. Eu que gosto deles mais abandalhados e com ar de mauzões, não lhe encontrava grande convite sexual para com o meu eu libidinoso. A mocinha, sua esposa, entra no mesmo tom das aparências, à dondoca e para qual não há pachorra entre os milhares de “imensos” que diz durante uma conversa e o esgatanhar à procura do glamour perdido. No entanto, todo aquele cenário me fez olhá-lo de forma diferente, até porque em vez de o ver montado no seu grande carro e óculos escuros, vi-o mais terra a terra, mais macho, sem artifícios abonecados. E quando assim é… não é preciso embrulhar, é para comer ali.
Savita Bhabhi
Eu nem queria. A sério. Estava inocentemente a desfolhar a revista "Os meus livros" e deparo-me com um destaque a esta BD, que, por acaso tem site e tudo. Ora eu que me pelo por um devaneiozinho, não resisti a ir espreitar BD indiana... erótica. A Savita Bhabhi é uma grande mamalhuda indiana, casada, que tem fogo para dar e vender. A miúda tem que extravasar o que lhe vai na alma, coisa a que o marido não tem sido capaz de dar resposta. E a modos que é isto: a loucura total, imprópria para horários de expediente.
É só clicar na revista e depois Next Page. Todo um manancial erótico-badalhoco.
Dança tu que eu fico assim...
Não queiras saber de mim
Esta noite não estou cá
Quando a tristeza bate
Pior do que eu não há
Fico fora de combate
Como se chegasse ao fim
Fico abaixo do tapete
Afundado no serrim
Não queiras saber de mim
Porque eu estou que não me entendo
Dança tu que eu fico assim
Hoje não me recomendo
Mas tu pões esse vestido
E voas até ao topo
E fumas do meu cigarro
E bebes do meu copo
Mas nem isso faz sentido
Só agrava o meu estado
Quanto mais brilha a tua luz
Mais eu fico apagado
Dança tu que eu fico assim
Porque eu estou que não me entendo
Não queiras saber de mim
Hoje não me recomendo
Amanhã eu sei já passa
Mas agora estou assim
Hoje perdi toda a graça
Não queiras saber de mim
quarta-feira, 8 de julho de 2009
sexta-feira, 3 de julho de 2009
De partida... outra vez
A Joan Baez nunca mais cantou lá em casa com a mesma graça. Na outra, era com ela que abríamos os sábados de manhã com as janelas de par em par. Éramos tão felizes! Esta casa é maior, mas ela tem menos espaço, parece que o seu lugar era no velho T1. Agora desconcerta-nos mais do que nos conforta quando arriscamos a pô-la a cantar para nós. Não percebemos bem porquê, mas ficamos ansiosas, irritadas, saudosas, tristes. Acho que porque nunca mais fomos tão felizes como quando vivíamos naqueles mínimos 40 m2. Agora há mais espaço e, talvez por isso, se sinta o vazio dos espaços não preenchidos. Há muito espaço não habitado naquela casa, cortamos a esquina de uma porta e não se vê ninguém... E o tempo, o tempo é cada vez mais curto... Assusta-me tanto termos cada vez menos tempo para viver! E deixa-me triste que a vida nesta casa esteja a chegar ao fim, estamos praticamente de malas e bagagens aviadas e com um nó na garganta que dizemos umas às outras não ser nada na crença de que assim nos confortamos. Mais uma vez ainda não é ali o sítio dela. A minha mãe vai ter que mudar-se novamente e isso é o que me entristece mais, fico com o coração pequenino. Quero passar com ela cada minuto da despedida da nossa casa, mas o que eu queria mesmo era que ela não tivesse que passar por tudo isto outra vez.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Taras e manias...
Gosto de sapatos altos. A mulher fica, sem dúvida, mais elegante. Sem dúvida... se souber andar em cima deles, o que não é, definitivamente o meu caso. O verão passado comprei umas sandálias, gostei, calcei, dei dois passos e nesses dois passos não me desmontei de cima delas. Pensei: deve ser uma capacidade que se adquire com a idade, agora que já tenho 24, é canja andar em cima disto. Lembro-me de uma vez as ter calçado para ir trabalhar. Foi um suplício... Senhores! À hora do almoço estava de volta a casa [felizmente, tenho um trabalho que me permite estes pequenos miminhos: sair mais cedo, entrar mais tarde, fazer grandes pausas, desde que as coisas apareçam feitas, é tranquilo] com a sensação de que o caminho foi o maior de sempre e que eu, desengonçada em cima delas, fazia a figura mais ridícula possível. É que não é só a dificuldade em equilibrar-me, é também a impressão de que toda a gente percebe que eu normalmente não uso sapatos altos e que, portanto, não sei usá-los. Pareço-me outra pessoa. É uma estupidez e esta última ideia de que tudo olha para mim, pode ser pura centração ou tão-só uma timidez que, no que respeita ao uso de tamancas, ainda não me passou. Limito-me a usá-las em casa, como agora, por exemplo: tomei um banhito, tratei de cuidar de mim, calcei a sandalinha e cá estou eu a partilhar isto convosco.
Terra Estrangeira
Vi-o ontem no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, no âmbito do programa Próximo Futuro. Fui mais pelo conceito de cinema ao ar livre, mas valeu principalmente pelo filme. De Walter Salles e Daniela Thomas, o filme, de 1995, retrata um Brasil caótico e o desmoronamento da vida de Paco (Fernando Alves Pinto) em virtude da morte de sua mãe. Paco desiste do sonho de ser actor e parte para Portugal, embrenhado já num negócio pouco lícito. Por cá, tudo piora. Mas cruza-se com Alex (Fernanda Torres), uma conterrânea emaranhada há muito nas teias confusas do salve-se quem puder. E o que começou por ser um encontro hostil dá lugar a um encontro de afectos, de compreensão, de amor. Um amor em fuga à procura do tal mundo prometido.
Se puderem, vejam. O Walter Salles já deu provas da sensibilidade com que trata os temas em que mexe. Ali podem ver a parte final do filme com Vapor Barato da Gal Costa. É bonita. Forte. Fica no ouvido.
Se puderem, vejam. O Walter Salles já deu provas da sensibilidade com que trata os temas em que mexe. Ali podem ver a parte final do filme com Vapor Barato da Gal Costa. É bonita. Forte. Fica no ouvido.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Coisas da bola
Sim, lá por ser gaja fútil e rebarbada a maior parte do tempo, não me encaixa o protótipo completo. Sou benfiquista, é algo que devo afirmar aqui pela primeira vez. Sofro pelo meu clube, naturalmente, digo asneiras a ver os jogos e no estádio também grito “Oé, oé ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, oéô”. Limpinho. Mas se há outro protótipo em que não me encaixo – podem ser todos os outros – é no de típica(o) benfiquista. E isto implica saber assumir quando o Benfica joga mal, que nem tudo são glórias, que há grandes energúmenos a dirigir o meu clube ou que há um grande número de adeptos (ou adébitos, como diz a Tia Alcina) cromos brutamontes (embora também os haja em todos os outros clubes, mas Ok, como somos muitos a probabilidade é igualmente maior) que conseguem articular pouco mais de duas ou três frases feitas.
Ora, é para mim profundamente triste que o Benfica continue enrolado nestes enredos de faca e alguidar, ano após ano. Qualquer benfiquista sério e sensato já percebeu que não é com estas artimanhas mafiosas que vamos ganhar campeonatos, mesmo que o Presidente Vieira repita, ano após ano, que “este ano é que é” e “temos a melhor equipa de sempre” e “é nosso o espírito ganhador” entre outras lérias de encher chouriços aos ouvidos encerados. Urge alguém com alguma cabeça e amor ao clube – uma vez que fosse – para levar aquilo para a frente. Fazer contratações acertadas e concertadas, apostar nas camadas mais jovens, ter uma visão a longo prazo, organizar-se internamente, criar estabilidade e não mudar de treinador a cada ano como se fosse essa a solução de todos os problemas.
Então esta última pérola engenhosa das eleições antecipadas veio colocar a cereja no topo do bolo. Mas que raio de democracia é esta? – como diz o baixote do cabelinho à Marco Paulo, supra sumo “Master of the Dark” do futebol em Portugal. É tão deprimente que me faz ter vergonha, a sério. Mas quando parecia já não haver enterro maior, eis que surge, qual salvador da pátria, uma personagem de nome Bruno Carvalho, que só não tem bigode, porque de resto encaixa em tudo. E não é que esta alma, alegadamente agindo em defesa do funcionamento lícito do clube, vai interpor uma providência cautelar, para ser ele o único candidato? Sim, senhor, os meios até podem vestir-se de maior legalidade, mas o objectivo é exactamente o mesmo do actual presidente! Com as guarnições com que se tem enfeitado, desde apresentações em aviões, inúmeras intervenções na TV e discursos abrasivamente populistas, estou em crer que o que aí vem não é, definitivamente, melhor.
O Jorge Jesus nunca me convenceu, as últimas contratações são mais do mesmo que nunca revelam aquilo que prometem – a não ser no FCP – e a novela que se aproxima deixa vislumbrar um futuro já batido. Melhor precaver mais uma época de poucas euforias para poupar corações.
Ora, é para mim profundamente triste que o Benfica continue enrolado nestes enredos de faca e alguidar, ano após ano. Qualquer benfiquista sério e sensato já percebeu que não é com estas artimanhas mafiosas que vamos ganhar campeonatos, mesmo que o Presidente Vieira repita, ano após ano, que “este ano é que é” e “temos a melhor equipa de sempre” e “é nosso o espírito ganhador” entre outras lérias de encher chouriços aos ouvidos encerados. Urge alguém com alguma cabeça e amor ao clube – uma vez que fosse – para levar aquilo para a frente. Fazer contratações acertadas e concertadas, apostar nas camadas mais jovens, ter uma visão a longo prazo, organizar-se internamente, criar estabilidade e não mudar de treinador a cada ano como se fosse essa a solução de todos os problemas.
Então esta última pérola engenhosa das eleições antecipadas veio colocar a cereja no topo do bolo. Mas que raio de democracia é esta? – como diz o baixote do cabelinho à Marco Paulo, supra sumo “Master of the Dark” do futebol em Portugal. É tão deprimente que me faz ter vergonha, a sério. Mas quando parecia já não haver enterro maior, eis que surge, qual salvador da pátria, uma personagem de nome Bruno Carvalho, que só não tem bigode, porque de resto encaixa em tudo. E não é que esta alma, alegadamente agindo em defesa do funcionamento lícito do clube, vai interpor uma providência cautelar, para ser ele o único candidato? Sim, senhor, os meios até podem vestir-se de maior legalidade, mas o objectivo é exactamente o mesmo do actual presidente! Com as guarnições com que se tem enfeitado, desde apresentações em aviões, inúmeras intervenções na TV e discursos abrasivamente populistas, estou em crer que o que aí vem não é, definitivamente, melhor.
O Jorge Jesus nunca me convenceu, as últimas contratações são mais do mesmo que nunca revelam aquilo que prometem – a não ser no FCP – e a novela que se aproxima deixa vislumbrar um futuro já batido. Melhor precaver mais uma época de poucas euforias para poupar corações.
Os Idiotas
Mais de Alçada
"Não canso de dizer que aquele encontro com Hannah, na Califórnia, e o amor que vivi com ela, é uma das melhores recordações que tenho da vida. Ficámos a escrever-nos nos natais e nos dias de anos. Eu ainda lhe mandei uma carta grande, quando cheguei à Europa, porque sentia no meu corpo muito mais do que a sua pele e o seu cheiro: eu tinha a impressão de que tinha entrado com ela no outro mundo prometido. Depois, fomo-nos recordando um ao outro com postais e, mesmo esses, foram-se espaçando. Uma vez um veio devolvido, com um carimbo negro: «Falecido». Nesse dia, senti que a gente vai aprendendo, aprendendo, e, quando está já a saber quase tudo, morre..."
O Riso de Deus, António Alçada Baptista
A minha terapeuta diz que vivo na dimensão do sonho. Se calhar...
O Riso de Deus, António Alçada Baptista
A minha terapeuta diz que vivo na dimensão do sonho. Se calhar...
Tenho tantas saudades de ver desenhos animados...
Longe do Mundo, O Corcunda de Notre-Dame
Quantas cores o vento tem, Pocahontas
Somos um, Rei Leão II
E é só uma pequeníssima amostra. Do Rei Leão I não consigo escolher só uma, é o meu preferido!
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