quarta-feira, 1 de julho de 2009

Coisas da bola

Sim, lá por ser gaja fútil e rebarbada a maior parte do tempo, não me encaixa o protótipo completo. Sou benfiquista, é algo que devo afirmar aqui pela primeira vez. Sofro pelo meu clube, naturalmente, digo asneiras a ver os jogos e no estádio também grito “Oé, oé ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, ninguém pára o Benfica, oéô”. Limpinho. Mas se há outro protótipo em que não me encaixo – podem ser todos os outros – é no de típica(o) benfiquista. E isto implica saber assumir quando o Benfica joga mal, que nem tudo são glórias, que há grandes energúmenos a dirigir o meu clube ou que há um grande número de adeptos (ou adébitos, como diz a Tia Alcina) cromos brutamontes (embora também os haja em todos os outros clubes, mas Ok, como somos muitos a probabilidade é igualmente maior) que conseguem articular pouco mais de duas ou três frases feitas.

Ora, é para mim profundamente triste que o Benfica continue enrolado nestes enredos de faca e alguidar, ano após ano. Qualquer benfiquista sério e sensato já percebeu que não é com estas artimanhas mafiosas que vamos ganhar campeonatos, mesmo que o Presidente Vieira repita, ano após ano, que “este ano é que é” e “temos a melhor equipa de sempre” e “é nosso o espírito ganhador” entre outras lérias de encher chouriços aos ouvidos encerados. Urge alguém com alguma cabeça e amor ao clube – uma vez que fosse – para levar aquilo para a frente. Fazer contratações acertadas e concertadas, apostar nas camadas mais jovens, ter uma visão a longo prazo, organizar-se internamente, criar estabilidade e não mudar de treinador a cada ano como se fosse essa a solução de todos os problemas.

Então esta última pérola engenhosa das eleições antecipadas veio colocar a cereja no topo do bolo. Mas que raio de democracia é esta? – como diz o baixote do cabelinho à Marco Paulo, supra sumo “Master of the Dark” do futebol em Portugal. É tão deprimente que me faz ter vergonha, a sério. Mas quando parecia já não haver enterro maior, eis que surge, qual salvador da pátria, uma personagem de nome Bruno Carvalho, que só não tem bigode, porque de resto encaixa em tudo. E não é que esta alma, alegadamente agindo em defesa do funcionamento lícito do clube, vai interpor uma providência cautelar, para ser ele o único candidato? Sim, senhor, os meios até podem vestir-se de maior legalidade, mas o objectivo é exactamente o mesmo do actual presidente! Com as guarnições com que se tem enfeitado, desde apresentações em aviões, inúmeras intervenções na TV e discursos abrasivamente populistas, estou em crer que o que aí vem não é, definitivamente, melhor.

O Jorge Jesus nunca me convenceu, as últimas contratações são mais do mesmo que nunca revelam aquilo que prometem – a não ser no FCP – e a novela que se aproxima deixa vislumbrar um futuro já batido. Melhor precaver mais uma época de poucas euforias para poupar corações.

2 comentários:

Anónimo disse...

Ora viste? Um(a) benfiquista que não é cega de todo hein?!... É verdade pá! Tens razão sim senhora.
Mas já que falas em democracia, deixa-me só acrescentar mais uma coisinha: se o benfica é hoje o clube português com mais títulos (em futebol, claro está, porque no conjunto de todas as modalidades, o Grande Sporting é de longe o clube português com mais títulos - graças ao atlétismo) pode agradecer ao rapa-tudo, que tudo fez para que o benfica ganhasse tudo, pois era claramente o clube do regime. Assim que o gajo caiu da cadeira, o benfas nunca mais foi o mesmo e muito em breve será ultrapassado em títulos pelo fcp.
Portanto, a história dos lampiões nunca foi particularmente pródiga no que diz respeito à democracia, por mais que se tente impingir a ideia de que aquilo é o clube do povo...
Enfim, ao contrário de ti, fico muito feliz por ver que no slb a história repete-se, ano após ano e que os trolarós dos seus fanáticos adeptos continuam a acreditar piamente no Orelhas! Que continue por muitos e bons anos!

lira disse...

Tinha que ser... Um lagartão! :P