terça-feira, 21 de julho de 2009

Auto-comiseração

Há pessoas que nos fazem mal só de estar perto. São tóxicas. Dissimuladas, vão largando o veneno até, sem percebermos porquê, não conseguirmos respirar mais. Querem o melhor para si, através do mal dos outros e enredam-se de estratagemas para o conseguir da forma mais cor-de-rosa possível. Tudo é perfeito à superfície e por dentro é de uma podridão que tresanda. Conseguem estimular-nos a sentir o que não queremos, a agir como não queremos e sempre em benefício próprio. São verdadeiros manipuladores de mentes e comportamentos. Comigo o extremo é a indiferença. Não puxo cabelos, não parto para a estalada, não discuto aos gritos e não lixo a vida a ninguém. Guardo para mim o que poderia aliviar sendo exteriorizado, mas que não vale mesmo a pena, não fará a mínima diferença, não mudará absolutamente nada. Continuo com a ideia estúpida – e mais cómoda, provavelmente – de que um sorriso é a melhor arma para quem não merece mais nada.

Outros, por sua vez, não valem o resto do peido furado. Cada vez me convenço mais que não há cá associativismos. Eu sou pelos encaixes. Ou há ou não há. O esforço para a inserção rindo da piadola seca ou conversando sobre o vestido da montra do shopping não me entra cá no sistema de sociabilidade. Muito menos quando anda por aí latente uma vontade mínima de trabalhar por parte desta, já apelidada, geração rebelde/morangos com açúcar. Querem horário limpinho das 9 às 5, preocupam-se com o ordenado ao final do mês, marcação de férias, subsídios e o resto que se foda. Horas extra? Naaa, não são pagos para isso. Mesmo que seja para ajudar outros colegas? Temos pena. Ninguém tem culpa. Como mexer o rabo é difícil e por orgulho se recusam a ver que há diferença de funções, lêem revistas, fazem-se de esquecidos ao que lhes é pedido, chegam a desobedecer ao que lhes foi indicado e têm tempo de sobra para enredos e intrigas. Essa sim é a sua função dominante, e para a qual têm já Doutoramento! Quando não há, inventam, se alguém lhes acena com cusquice fresca, mordem rapidamente o isco. Aí dá semanas e semanas de conversa, chatice, zangas, problemas, jogos, ilações do arco-da-velha… por uma merda sem jeito nenhum que nunca aconteceu, nunca foi verdade. São assim estas vidinhas. Não dão duas no português falado ou escrito pós curso profissional oferecido/novas oportunidades, acham-se donos e senhores dos seus direitos, não sabem o que são deveres e não estão muito ralados com isso. Até porque se a coisa der para o torto não têm propriamente família para sustentar, uma casa para manter, um curso para acabar, um objectivo de vida que seja. Moram com os pais, têm o seu namorado(a) e basta-lhes alguns trocos para as férias na Nazaré ou na Praia da Vieira, as leggings roxas ou um copo no Seven.

Não consigo. Não há encaixe. Não há encaixe. Reciclem-me esta gente!

1 comentário:

leo disse...

Ruralita, lembra-te de manter a cabeca à tona para ir vendo outras paisagens.