domingo, 19 de julho de 2009

O Miguel e o seu diário

Ainda que não tenha lido grande coisa a seu favor, lá me rendi. Até porque há que saber do que se fala mesmo para dizer mal. Tentei abstrair-me da personagem prepotente e mergulhar de peito aberto nas suas palavras, nem que fosse pelo nome da protagonista. A verdade é que me cansam as descrições da viagem e parece demasiado “diário”, escrito entre um cigarro e outro só para não esquecer aquele episódio, naquele dia, em que jipe isto e o milho cozido aquilo. Que me perdoe a exigência, mas há certos estatutos aos quais já se espera outro nível. Além de que, depois, dá-me a sensação de que foi escrito a martelo para vender o nome mais do que o conteúdo, ainda mais depois de todo banzé à volta do portátil roubado e a série da TVI. Gosto da dupla, sim. Romântica com pinta. Faz-me lembrar alguém que adorava fotografar, que tinha uma musa loura, de ar rebeldemente frágil com quem se imaginava a viver mil aventuras até a rotina lhe bater à porta e fugir. Viver sempre na crista da paixão tem destes impasses chatos… Mais vale ser momentâneo, mágico no tempo, do que vir-lhe a conhecer a face menos fulgurante para perder a piada toda. Então aí não fica nada, fica só mais uma história. Deve ter sido por isso que este livro surgiu, para imortalizar momentos inefáveis tal o encanto que lhe foi impresso, exactamente por isso: por ter durado o tempo certo da paixão. Não é novidade nenhuma para ninguém e rendo-me, tal como previa, ao insosso do livro.

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