A Joan Baez nunca mais cantou lá em casa com a mesma graça. Na outra, era com ela que abríamos os sábados de manhã com as janelas de par em par. Éramos tão felizes! Esta casa é maior, mas ela tem menos espaço, parece que o seu lugar era no velho T1. Agora desconcerta-nos mais do que nos conforta quando arriscamos a pô-la a cantar para nós. Não percebemos bem porquê, mas ficamos ansiosas, irritadas, saudosas, tristes. Acho que porque nunca mais fomos tão felizes como quando vivíamos naqueles mínimos 40 m2. Agora há mais espaço e, talvez por isso, se sinta o vazio dos espaços não preenchidos. Há muito espaço não habitado naquela casa, cortamos a esquina de uma porta e não se vê ninguém... E o tempo, o tempo é cada vez mais curto... Assusta-me tanto termos cada vez menos tempo para viver! E deixa-me triste que a vida nesta casa esteja a chegar ao fim, estamos praticamente de malas e bagagens aviadas e com um nó na garganta que dizemos umas às outras não ser nada na crença de que assim nos confortamos. Mais uma vez ainda não é ali o sítio dela. A minha mãe vai ter que mudar-se novamente e isso é o que me entristece mais, fico com o coração pequenino. Quero passar com ela cada minuto da despedida da nossa casa, mas o que eu queria mesmo era que ela não tivesse que passar por tudo isto outra vez.
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