terça-feira, 2 de junho de 2009

Golpadas



Chamam-se "Os Golpes". Têm sangue torrejano, já por cá actuaram e contam com um destaque no Ípsilon. Toma embrulha. Pensei cá para mim que deveria ver do que se tratava, até porque a crítica parece bem favorável. Confesso que o nome me deixou logo pouco confiante na performance, mas isso sou eu com a mania das minhas impressões ao primeiro som. Tenho que concordar na aparente convicção e uma urgência impossíveis de ignorar, mas... não me convence. Fico contente que desta terra brotem espécimes com sangue na guelra, que acreditem no seu trabalho e que, de facto, tenham o talento para tal. Isso é de louvar, sem dúvida. Mas neste caso não consigo concordar com o Sr. Mário Lopes na observação começando pelo título e pela capa, foi pensado e criado como um manifesto - a primeira proclamação. Isso foi o que os Golpes elaboraram, com um atentíssimo cuidado pop que se revela nos pormenores. Ok, até pode ser verdade, mas a mim, humilde ouvinte, não me soa a mais do que remakes de estilos já batidos, apoiados em orgânicas de Strokes e afins, que quando aparecem rasgam por completo um panorama musical que não os esperava, revigorando a canalha sedenta de uma rockalhada à maneira. Parece-me que se continua a martelar na mesma tecla, tentando recriar fórmulas de sucesso. Existe, actualmente, um rol de bandas a roçar os mesmos toques, tiques e tons à espera do seu lugar ao sol. Apareceram, de facto, algumas boas bandas portuguesas, ultimamente, mas nem tudo o que é português, jovem e com grandes guitarradas é bom. De repente anda tudo em bicos dos pés a ver quem consegue sobressair mais entre o "mais do mesmo", fala-se imenso de novas bandas, destacam-se em rádios e jornais, porque há que falar das novas bandas portuguesas, dar-lhes espaço e tempo de antena. Também acho muito bem, só não acho lá muito bem que se aglomere tudo, misture e sirva com tempero e hortelã para ficar mais apetecível à massa consumista.

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