segunda-feira, 15 de junho de 2009

O homem que corre riscos

é Júlio Pomar, pintor português, galardoado no passado dia 2 de Junho com o Prémio da Latinidade/2009. Homem que arrecadou já vários outros prémios, reafirmou ontem, em conversa com Paula Moura Pinheiro, não se considerar um génio, mas um homem dedicado ao que mais gosta de fazer e que só mais recentemente encara o seu trabalho como um ofício, outrora por si olhado apenas como um hobby. Homem sério, personalidade de valor na praça dos artistas portugueses, é-me querido pelo seu trabalho eloquente e pelo seu ar desalinhado. É, portanto, um homem de 83 anos "com muita pinta". Júlio Pomar, artista em permanente dialéctica entre a simplicidade e a representação arrojada da sua arte, é o homem que afirma, por detrás de um olhar verdadeiro e de um jeito apaziguador, que "ser indisciplinado é estar vivo". Subscrevo esta forma de vida em que "o acaso é a matemática mais rigorosa".

[O Centro de Arte Manuel de Brito (Algés) apresenta nos próximos meses uma retrospectiva da obra de Júlio Pomar.]

Ainda não conheço bem a obra de Júlio Pomar mas acontece-me em relação a ele a mesma coisa que em relação ao António Lobo Antunes: gosto da simplicidade, do despojamento do que é material que me parece que colocam no que oferecem, do profundo respeito que nutrem pelas formas de arte de que são representantes. Mais do que isso, admiro-os pelo evidente amor que têm pelas palavras.

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