Se há coisa que tenho vindo a reparar ultimamente é em pessoas que nos abordam com a conversinha mecanizada do costume e não estão minimamente interessadas na resposta. Lá vêm a perguntar se está tudo bem, e o trabalho e a família mas esperam exactamente a mesma réplica que as pessoas mecanizadas estão habituadas a dar: “tudo bem, obrigada”. Ora se há alguém que ingenuamente sente algum interesse genuíno da parte do emissor e procura explicar, de facto, como andam as coisas percebe rapidamente que mais valia estar quietinho. O que se passa a seguir é um leve esgar com sucessivos alheamentos e olhares para as redondezas, “hum, hum” do género “vê lá se te calas que já percebi a ideia”.
Não percebo porque perguntam! É que nem estou a falar de casos em que o receptor se desdobra em enredos e aproveita para contar logo meia vida, basta desenvolver um pouco mais do que o normal para o outro começar a fugir a sete pés.
Que raio de gente somos nós? Parece que se simula a preocupação, o interesse, a alegria de ver alguém porque geralmente é isso que se faz, é o que supostamente se deve fazer. Tudo porque fazemos parte de um bolo a que alguém chamou sociedade e há regras de convivência que parece que têm que ser cumpridas. Não passam de meras formalidades completamente vazias de intenção, mas caso as saltarmos somos automaticamente apelidados de antipáticos, bichos-do-mato, egoístas, altivos e anti-sociais. Torna tão mais óbvia a estandardização da massa de que somos feitos, dos comportamentos moldados como se fossemos fabricados em série, em intervalos de vómitos sociais. Soubéssemos, pelo menos, disfarçar melhor.
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1 comentário:
Concordo. Antes menos gente, mas gente real. A isso chamo conversa de chacha e, de facto, nao há paciência.
Beijos a ruralita.
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