sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Femina

Orlan, Cindy Sherman, Barbara Kruger. Tomei conhecimento da existência destas senhoras a propósito de um trabalho sobre o movimento feminista e a sua repercussão nas artes.

Estas mulheres manifestam a sua condição através da pintura, de instalações ou mesmo fotografia e denunciam de forma gritante o que significa, hoje em dia, ser mulher. No geral, todas elas se concentram no corpo. A verdade é que, cada vez mais, a diferença entre homens e mulheres reside no corpo. E, se assim é, que valor lhe damos, de que forma o assumimos, onde se relaciona com o pensamento?


Orlan será, provavelmente, a artista mais chocante, que se sujeitou a diversas operações plásticas filmadas, fotografadas como se ela própria fosse uma obra de arte a ser trabalhada, retocada. Ao mesmo tempo que o faz agita consciências sobre a mútua banalidade e sobrevalorização do corpo: seremos apenas um corpo passível de ser transformado, desfigurado, magoado em nome de supostos itens sociais? Até que ponto somos escravas/escravos dele?


Sob a perspectiva da patologia e da victimização das mulheres debruça-se o trabalho de Cindy Sherman, num constante apontar de estereótipos culturais, questionando a opressão, a identidade sexual e o feminino.


Já Barbara Kruger utiliza a linguagem de imprensa e de propaganda, focalizando-se na violência e na descriminação, frequentemente fazendo uso de outdoors com mensagens agressivas, imperativas. O intuito primordial é desconstruir a visão masculina que recai sob a mulher e criar-lhe a si própria uma versão.

É óbvio que todas estas questões levantam uma outra de base: não será a assumpção do próprio termo “feminismo” a marca de que as mulheres são, de facto, diferentes, quando se auto-recriminam uma especificação? Não será esta necessidade uma constatação de que homens e mulheres são, de facto, distintos? Inteligência, sensibilidade, pensamento não serão faculdades universais a ambos os sexos…? Sê-lo-ão com certeza. No entanto, actualmente, o que se proclama de "feminismo" reside bem mais num berro às mentes adormecidas pelo marasmo social. Muitas vezes, um berro, precisamente, às mentes femininas que perderam a noção crítica. Um chocalhar de ideias que saibam ser contra-poder e vozes incómodas.

Uma descoberta que mudou a forma de me ver a mim própria, à lupa do género. Inspiram-me. Incitam-me a pensar. Despertam-me.

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