segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
Penúltimo
Fiquei sozinha. Apaguei eu própria a luz que me ilumina os dias. E tanto que me avisaram... Não o fiz por mal, pelo contrário, achava que assim não te faria sofrer. Porque aquelas palavras não traduzem o que pensas. Era isto que gostava de dizer-te. Tenho duas testemunhas: as duas pessoas que me conhecem melhor. Estão e estiveram sempre presentes na nossa construção e sabem o quanto te quero bem. Vêem-me a crescer contigo. Sabem que o que não nos mata torna-nos mais fortes e eu não quero morrer nem que me morras tu nem que morramos nós. Ajuda-me a reconstruir-me. Limpa, pura. Ralha-me, fica triste, mas perdoa-me. Assim não vivo. Ouve-me. Fala, grita, mas devolve-nos a vida. Não sei ser sem ti. Deixa-me amar-te melhor. Ajuda-me a perdoar-me. Volta!
Iras abafadas
Nem mais. Ler estas palavras relembrou-me o hálito fétido daquilo que conheço de gingeira, daquilo que tenho que gramar todos os dias, daquilo que preferia não ter sequer que ser obrigada a enfrentar, daquilo que me cansa e me distrai do que verdadeiramente interessa. Mas relembrou-me também que é o pão nosso de cada dia e que pode haver uma 3ª hipótese: ir à luta ainda que não saibamos como, por mais que os intervenientes não nos mereçam o esforço, por mais que isso nos tenha que ser arrancado das entranhas a ferro e fogo, porque não está naturalmente em nós. Sim, aquela mágoa envenena mais do que se imagina e corrói até à podridão.
sábado, 27 de dezembro de 2008
terça-feira, 23 de dezembro de 2008
sábado, 20 de dezembro de 2008
UPA
Alguém me Ouviu (mantém-te firme), Boss AC ft Mariza [da iniciativa UPA 2008 - Unidos para Ajudar]
Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir
Eu prometo
Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir
Eu prometo
Nem de propósito... Há dias ofereci-te a letra, agora deixo-te a canção. Bonita. Como tu. Obrigada.
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Entre linhas
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quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Viver no fio dos dias
Procurei o pote de ouro no fim do arco-íris há dois ou três dias atrás, não o encontrei. Corri laboratórios em busca do elixir da eterna juventude no desejo de os ajudar a tornarem a ser jovens e, por isso, mais fortes, responderam-me que desconhecem a fórmula. Procurei outro emprego por toda a cidade e cursos intensivos de terapia familiar, encontrei portas fechadas e gente demasiado ocupada com a sua própria vida.
Concluo, enfim, que a resolução terá que vir de dentro. De cada um de nós [porque sempre fui parte desta história] e de todos, como para o D'Artagnan e os Três Mosqueteiros. Esboçamos as resoluções possíveis e uma destaca-se como a mais viável. É, contudo, a que nos deixará a todos mais pobres: um de nós fará as malas e partirá por algum tempo atrás do sonho de um dia podermos todos sossegar...
sábado, 13 de dezembro de 2008
Força da natureza
We are the angry mob
The angry mob, Kaiser Chiefs
[Covilhã, 1927 - Lisboa, 2008]
O Tecido do Outono, Catarina ou o Sabor da Maçã e O Riso de Deus [um dos livros da minha vida], por ordem cronológica de leitura. Qualquer deles, livros de escrita simples e ao mesmo tempo tão complexa porque cheia de afectos e sensibilidades.
O eu é deixado a nú sem despudor de dele se deixarem às claras as alegrias e tristezas, as angústias, as excitações e os voyeurismos, os amores que não seriam bem vistos mas que mesmo assim Alçada Baptista concretiza [como o de Francisco com a sobrinha Mónica em O Riso de Deus, que o escritor deixou irem para além das conversas e concretizar toda aquela ternura num beijo], o choro e o riso...
Obrigada ao escritor que me ajudou a ficar em paz comigo.
"Tudo me leva a crer que as marcações que nos deram para o desempenho da vida passam ao lado do caminho por onde os nossos afectos poderiam fluir conforme o que está inscrito no mapa oculto do ser humano. Pressinto que continuamos fora do essencial e que as razões das circunstâncias - que, muitas vezes, são poderosas e reais - só servem para nos afastar dos enigmas que estão à frente das coisas e que nos caberia decifrar. Por, algumas vezes, até parece que a simplicidade emana do andamento da vida e que bastaria um pequeno gesto de espírito para passarmos para o lado de lá de tantas incomodidades que nos fazem viver como se tivéssemos calçado dois números abaixo da forma da alma." [O Riso de Deus, p. 13]
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
Segredos delas
"Imagens ou situações eróticas muito excitantes? Estar num sítio público com um desconhecido. Junto a um balcão de um bar, por exemplo. E ele começar a meter a mão entre as minhas coxas. E eu deixar, claro. Estar deitada na praia e chegar alguém que, sem pedir licença, começa a tocar-me. E eu deixar, claro. Acho que me excita mais ser possuída - às vezes imagino, enquanto estou a ter relações, que não quero e estão a forçar-me."
E vocês?
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
A falta que um homem faz!
Seguiram-se 20 minutos em espera na linha de assistência 24 horas por dia, o pedido do reboque, a sua bendita chegada 1 hora depois e foi ver cabos a darem choques eléctricos naquele burro cansado e sem voz. Até que falou, baixinho, mas falou e rumámos a casa, com a advertência de que quando parássemos dificilmente voltaria a falar, pelo que o melhor seria deixá-lo à porta do mecânico. No meio disto tudo... Os homens fazem falta porque "panicavam" menos que nós, mas a verdade é que com ajudinhas daqui e dali até nos safámos bastante bem!
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
A duas mãos pelo 1.º aniversário!
A olhar à tua tenra idade ninguém diria que tens já tantas histórias para contar, mas a verdade é que, precoce, começaste a falar assim que nasceste. Pensámos que se esgotassem as fontes da tua imaginação logo ao cabo de alguns meses, mas surpreendeste-nos! Continuas por cá fresco que nem uma alface e, apesar das inúmeras aventuras que já contaste, ainda não se te encontram a velhice ou os cabelos brancos. Fizeste-te forte, afinal!
Cheio de alegrias e tristezas, alternando entre épocas de andanças imensas e silêncios retemperadores, mas sempre a erguer o queixo depois do mergulho. Provavelmente muitas vezes te repetiste e te tornaste mais autêntico, muitas outras te revelaste ao impensável apenas porque é disso que te fazes. É isso que és. No fundo, ainda e sempre uma criança a dar os primeiros passos. Na tua Mátria.
Auto-retrato
Asas no exílio dum corpo.
os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés tem um coração de louça
quebrado em jogos infantis.
Natália Correia
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
O meu orgasmo é empertigado.
Quem me manda adorá-lo? Mimei-o demais.
sábado, 6 de dezembro de 2008
Mãozinhas de fada
Lamento.
O laço previamente feito ainda vai, agora o resto é para esquecer. É vê-la de trombil tingido de brilhantes do papel reluzente, a cortar o papel mais torto possível, a enrolar a fita cola, a dobrar as folhas com livros em cima, a deixar pontas soltas e amarfanhadas. Mas atenção: sempre, mas sempre com um ar profundamente convicto do trabalho exímio que se está ali a desenvolver!
Só a cara de desprezo das pessoas a olhar para estas mãozinhas de fada é que me leva a pensar que, se calhar, não é bem assim.
Ninguém diria!
sábado, 29 de novembro de 2008
Entre aspas literárias #3
Já estavam separados antes do acidente. Quinze anos e dois filhos. A páginas tantas, ela agarrou nos miúdos e foi para casa dele. Para o ajudar na recuperação. Também não podia ser o contrário, ela não tinha casa, vivia na casa da mãe.
Ela dormia no escritório, ele no quarto que já fora de ambos, os miúdos nos respectivos. As rotinas eram as de sempre: cada um ia à sua vida. Menos ele, que ficava a remoer. O acidente custou-lhe a perna esquerda e várias lesões na coluna e muitas dores. Avulsas. O olho esquerdo ficou com a capacidade reduzida a 20 por cento, mas o pior foi a cabeça: tornou-se neurasténico, amargo e amigo da garrafa.
Observava-a nas rotinas. Ela tinha agora 40 anos e arranjava-se muito mais do que quando estavam casados. Calças discretamente justas, cabelo apanhado e era capaz de jurar que usava maquilhagem. Um leve tom. Os diálogos eram mínimos, muita secura a recordar o tempo da separação. Ele via-a assim e imaginava o que lia nas revistas. A nova vida das mulheres divorciadas, homens mais carinhosos e interessantes e essas merdas todas. E bebia.
Ela usava o roupeiro do antigo quarto comum, do quarto onde ele vegetava. Por duas vezes, fingindo-se adormecido, observou. Viu-a entrar vinda do banho, só com a toalha enrolada no corpo; viu-a escolher as cuequinhas: novas, brancas e com um debruado elegante. Viu-a calçar uns sapatos e vestir uma roupa que não conhecia, como quando iam jantar fora. Nos bons tempos. Nesse dia ela estava menos apressada.
Irritava-o de morte ainda ter vontade de a comer. Enquanto estiveram casados nunca lhe interessou outra mulher. Depois do acidente ficou convencido de que ela já não o queria. Os homens são assim, presos ao corpo. Arranjou-lhe casos, desconfiava e ela fartou-se; ou talvez tivesse tido mesmo um caso. Nunca chegou a saber. Ficou sozinho a remoer as maleitas. Estava-se nas tintas.
Ela estava pronta e devia ter saído do quarto. Não saiu. Ele abriu mais o olho bom e viu-a fazer algo completamente inesperado: abrir a blusa e sorrir, um sorriso meio envergonhado e provocante. Outras zonas adiantaram-se ao cérebro e tomaram a dianteira. Sentou-se na cama, sentou-a ao seu colo e tirou-lhe a blusa. Ela tirou o soutien, enrolou-o no pescoço dele e beijou-o. Muito, muito devagar. Ele sentiu a língua dela, imigrante e desesperada, e ficou doido. Estava indefeso, como ficava sempre que ela respirava vontade de foder. Noutros tempos.
Ela deitou-se de bruços, levantou a saia e ronronou. Sinal para a cavalaria.
Saboreou-a lentamente, surpreendido com o seu autocontrolo. Não se estraga com voragem um met especial. Percorreu-lhe com os dedos o cabelo, as costas e as nádegas, com suavidade tensa. Depois entrou, pedindo licença, e julgou que tinha o controlo. Não tinha.
Enquanto ia e vinha não conseguia abstrair-se totalmente. Ela estava apetitosíssima, mil por cento descontraída, mas ele pressentia um fio de estranheza. Se as coisas eram assim, por que estavam separados? Se ela se oferecia assim, por que raio o tratava como uma criança birrenta?
Nestas coisas há prioridades. A amígdala, uma pequena ilha cerebral, comanda as tropas e as cautelas vão-se. Morra gato, morra farto.
O fim veio certo como todos os fins. Rolou para o lado e examinou-lhe o cabelo, basto e negro. Estava mais bonita. Continuava de bruços e olhou para ele de soslaio e sorriu. Devia haver um código de bandeiras, como no mar alto, para o sorriso das mulheres.
“Nunca pensei que estivesses a precisar disto”, disse ele com a graça de uma toupeira. Ela voltou a sorrir e respondeu: “Não precisava. Vê lá se te portas melhor agora.” E levantou-se e saiu do quarto e foi a última vez que estiveram juntos.
Uma cena de sexo, Filipe Nunes Vicente, in Ler, Dezembro 2008
Dias úteis
E [se calhar] porque sei que dentro em breve o sol volta a espreitar.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Mário Crespo entrevista António Lobo Antunes
Parte I
Parte II
Parte III
Embora não possamos afiançar dos sentimentos e emoções de entrevistador e entrevistado e, muito menos, possa concretizar o que eu própria senti, as novas tecnologias são amigas porque nos permitem ver e rever vezes sem conta aquilo que nos faz bem. E esta entrevista faz-me bem.
Dois grandes senhores numa conversa descontraída [embora seja visível o nervosismo de Mário Crespo], verdadeira, bonita. Uma conversa de sensibilidades e palavras usadas, de ambas as partes, com todo o cuidado e carinho. Admiro o trabalho de ambos, mas como acontece com todos os ídolos que temos, junto bocadinhos do meu imaginário à realidade que conheço da vida do António Lobo Antunes e torno-o assim o meu protótipo de escritor.
Nota máxima também para a frase que traduz o agradecimento do entrevistador pela presença e disponibilidade do escritor: "Foi bom vê-lo aqui hoje". Delicioso!
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Cosmocópula
Membro a pino
dia é macho
submarino
é entre coxas
teu mergulho
vício de ostras.
II
O corpo é praia a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedenta
poro a poro vou sendo o curso de água
da tua língua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.
(Inédito)
Natália Correia, in Antologia de Poesia Portuguesa Erótica e Satírica
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Paris, je t'aime*
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Janelle Monae
Para além do som me remexer as entranhas, acho aqui a Janelle com pinta de cyberfeminista, com uma picadela de olho à Donna Haraway e ao seu Cyborg Manifesto. Uma hibridez de género, com referências à expressão pelo self independente do sexo, do estereotipo, descolando capas pré-concebidas que rotulam comportamentos e formas de ser. Até o cabelinho e o óculo remete invariavelmente para esta outra grande maluca feminista.
Violet stars happy hunting, Janelle Monae
I'm an alien from outer space (outer space)
I'm a cybergirl without a face a heart or a mind
(a product of the man, I'm a product of the man)
Ci ci ci
I'm a saviour without a race (without a face)
On the run cause they? hit our ways and chase my kind
They've come to destroy me
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Festa do Bigode
sábado, 15 de novembro de 2008
Ritual de acasalamento
sexta-feira, 14 de novembro de 2008
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
Epílogo
Sim, a minha vida também não faz sentido sem ti.
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
É a loucura!
http://www.mascarilha.pt/produtos.php?pai=146
Aviso: vale a pena passear por toda a loja.
Conversas de corredor
Ele - Ah! A sério?! [Por entre movimentos com excessivos piquinhos a azedo]
Ela - Sim. Almoças cá hoje?
Ele - Ainda não sei se é para fazer o trabalho, se não...
Ela - Então mas eu estive a ler os textos... Why?
É assim que se fala pelos corredores de uma faculdade. E depois querem-me convencer que sabem o que estão a discutir quando convocam reuniões de alunos para debater o Orçamento de Estado. Oh God!
terça-feira, 11 de novembro de 2008
[...]
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Um burro a olhar para um palácio
Nunca me deu uma paragem cerebral tão prolongada.
* com selo mamalhuda infantilóide
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Silenciosamente cúmplices
Entre aspas literárias #2
[...]
“A ideia de que a literatura tem um papel moral, positivo ou negativo, é errada. Nem enriquece, nem empobrece. Pode enriquecer ou pode empobrecer. Mas não é essa a razão para ler. Uma pessoa lê para ficar deslumbrada. Uma pessoa lê para ficar noutro estado. Para sair de si própria. Uma pessoa lê para estar noutro mundo. Para entrar noutro estado. E, no caso das coisas muito bem escritas, num enlevo. Há um enlevo de ser elevado.”
[...]
“Eu tenho muitos amigos e conheço muitas pessoas e sei qual é a tradição de dar graxa na entrevista. Depois, as pessoas, juntam-se nas festas e lambem o cu umas às outras. Eu não vou a festas. Sempre fui um isolado.”
[...]
“Todos os escritores utilizam anfetaminas. Podes dizer um nome de um escritor do séc. XX… Quase todos. Utilizam, porque ajuda muito a concentrar. Se há droga para estudar e para a escrita, e em que depois a pessoa não se envergonha, a única droga que ajuda são as anfetaminas. […] Com LSD não se consegue escrever. Com o haxixe também não. Sai tudo um disparate. Eu já experimentei e geralmente só sai lixo. A cocaína ao principio ajuda um bocadinho mas esse principio é tão curto – é para aí de uma semana ou duas – que depois já não ajuda absolutamente nada. Com ópio nunca experimentei. “
Miguel Esteves Cardoso in Ler, Novembro 2008
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Advertência
domingo, 2 de novembro de 2008
Prato do dia*
sábado, 1 de novembro de 2008
Transeuntes dominicais
- Pai, vamos ver ali!
- Ali não há nada para ver, anda embora! Estás aqui, estás a apanhar! – em tom francamente audível.
É vê-las de pintura enjoativamente carregada, olho preto e lábio vermelho ou roxo, vá. É dia de embonecar e, portanto, dia de pôr a melhor fatiota, aquela do último casamento ou assim. Camisola de Lycra justa até mais não, a denotar a bela da banha por cima da saia traçada e apertada. Todo o acessório é bem-vindo, pelo que não descuidam as 10 pulseiras, os brincos brilhantes, os anéis da tia-avó em cada dedo e um penduricalho a bambolear no farto tecido mamário. Gritam e correm atrás dos putos, porque estes andam a gritar e em correrias. Fazem pose fina, perguntam onde é o McDonald’s e o resto das lojas de roupa ou se não vendem naperons para levar para a terra. Observam cada pormenor de lés a lés, passeiam com calma, olham o balcão de soslaio, tiram livros das mãos dos filhos, porque já lhes compraram cartas dos Pokemon.
Os putos vêm com cabelo no gel em pasta, mexem em tudo, gritam, correm, desarrumam, arrancam páginas de livros, derrubam expositores, insistem que querem pôr o CD dos Morangos com Açúcar a tocar, puxam os auscultadores, fazem birras porque querem tudo. Fartam-se rápido e debandam assim que podem, não sem antes esmurrarem as fronhas na porta de vidro.
- Ah, vamos embora, aqui é só livros…
Pois… Diz que sim…
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
Pela mão de Deus?
Quando me perguntam se tenho medo da morte. Respondo redonda e imediatamente que essa morte não, não me aflige. Inquieta-me a possibilidade de ir morrendo por dentro mas, mais do que isso, aterroriza-me a morte dos que mais quero não por não mais poder sentir-lhes a carne, mas porque, apesar de feito o luto, acharei sempre que foi injusta a viagem que encetaram pela mão de um tal deus. Por isso, faço como os outros: facilito. E imagino paraísos verdejantes para aqueles que se foram um dia.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Do lado de cá, com amor
Integrei a tua ausência no bater do coração dos meus dias, por isso, e apesar das saudades, vives em mim e fazes da minha vida uma existência muito mais feliz. Obrigada.
Neta
terça-feira, 21 de outubro de 2008
O meu umbigo
Mas nem por isso deixam de se fazer exigências. Exige-se tempo, companhia, atenção, carinho, amor. E mais tempo, e mais companhia, e mais atenção, e mais carinho, e mais amor. Em troca dá-se o tempo que não nos faz falta, a companhia que já não precisamos de fazer a nós próprios, o que sobra da atenção que já nos demos, o carinho e o amor quando a nós já demos o suficiente. Fazemos o que nos dá na real gana e vivemos em paz porque achamos que o que temos a mais e não precisamos é o que basta aos outros.
É um facto que todos temos uma boa dose de egoísmo. Aliás, o egoísmo é a base de muitas das relações que mantemos com o mundo. Eu estou bem, espero que tu também. Se eu estou bem, tu também, com certeza. Ou Porque é que não hás-de estar bem se te dou tanto?
E impõe-se a pergunta: Que tanto é este que damos e que até podemos saber não ser o bastante, mas que teimamos em não aumentar e melhorar por lesar o nosso suposto bem-estar?
Também esta leitura pode ser egoísta, diz-me tu se estou enganada...
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Curtas [15]
[in Livro de Crónicas, António Lobo Antunes]
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Fim de tarde sem cheiro a castanhas
Falta-me aquilo que ainda não sou capaz de fazer: correr daqui para fora e calcorrear sozinha esta cidade que acho que sinto ainda mais bonita quando iluminada em noites escuras. Falta-me o por fim entrar na casa que me falta, escolher o livro, servir uma taça de vinho, acender o candeeiro de pé alto e o cigarro, pôr a manta sobre as pernas na cadeira de baloiço e o piano do Sassetti no play e, entre o folhear de cada página, erguer o olhar e apreciar este quarto de Van Gogh.
Se calhar o que me falta é saber viver no Outono quando os dias ficam mais curtos e as saudades apertam e me fecho no medo que tenho dos outonos que, como paradoxo, adoro, por trazerem com eles o sabor amargo da solidão.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Errata
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Da arte de desmanchar animaizinhos e outras actividades lúdicas
terça-feira, 7 de outubro de 2008
A última noite...
Cozinha da Casa de Manhufe, Amadeo de Souza-Cardoso (1913)
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Feira da Ladra
E a rapariga desce a escada quatro a quatro
vai vender mágoas ao desbarato
vai vender juras falsas
amargura ilusões
trapos e cacos e contradições
Sem título para tal silêncio
domingo, 5 de outubro de 2008
Reciclar?
A adolescência é descoberta, faz-se de experiências, de frenesim meio alucinado, passam para o estágio seguinte ainda em estado de anestesia e quando se dão conta estão estagnados num marasmo quotidiano que pouco lhes traz da loucura dos anos anteriores. Aí param e olham em redor. Têm duas opções: aceitam que a vida mudou e seguem caminho, dão a volta à questão e agarram-se às partes boas ou então não. Ou então, deixam-se embalar nos impulsos, deliciam-se com novidades, com desafios, loucuras, vão ao ginásio, ouvem outra música, galanteiam outras mulheres, com o charme discreto que amadureceram, usam ténis.
Não sei o que lhes sinto. Ousar mudar depende sempre do quão importante é aquilo que passa a ficar no passado. Cumprindo essa certeza em sensatez, qualquer uma das opções é um acto de coragem: manter ou mudar.
Se não se adormecessem os sentidos, talvez nunca surgisse sequer a insatisfação.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
Tired of being polite
E eu estou farta de ser polite. Por tudo e por nada. De ser a fixe porque para mim está sempre tudo bem. Para não melindrar os outros, fico sempre com grandes melões. Para não os deixar tristes, envergo o sorriso mais amarelo e lá vou eu a cantarolar. Para não ouvir ralhetes, lá vou eu dar beijos nas faces peludas das senhoras donas idosas da terra dos avós. Para não me zangar com a mãe respiro fundo, conto até três e pode ser que passe. Para não mandar os mais novos ganharem tomates e é se querem realmente ser responsáveis como parecem, mando mensagens que terminam sempre com uma piadola, um beijo grande ou um smile daqueles ridículos. Para não mandar o pai para a puta que o pariu, ando aqui a engolir sapos e a fazer malabarismos e truques de magia como quem tira notas de 500 da cartola para ter alimento para os coelhos. E é isto.
(not) Politely yours,
vinho
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Sei lá!
Margarida Rebelo Pinto de seu nome, é a autora. Sei lá, o nome da obra que me proponho falar um bocadinho. A medo pego na dita. Escolhi-a para me acompanhar ao fim-de-semana como "literatura-dos-cinco-minutos-antes-de-adormecer-enfim-melhor-que-um-comprimido-para-dormir".
Curiosidade 1: as personagens são 5. Todas mulheres. Entre elas, a Mariana é a mais puritana (a chamada menina), enquanto a Teresa dá nome à grande maluca de quase 50 anos que passa a vida a aviar cartucho. Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência [mas... não ouvimos dizer que coisa que não há são coincidências? Bom, adiante!]
Curiosidade 2: todas as personagens são da classe alta/média alta [hei-de descobrir mais à frente, mas decerto jantam no Eleven e acabam a noite na Kapital (ups!, parece que a Kapital fechou. Minhas caras, não se apoquentem, mas também não escolham o BBC que aquilo não é para a vossa idade].
Aaaaaaaaaah! [expressão de espanto seguida de dúvida "Ou muito me engano ou conheço uma história também ela protagonizada por 5 mulheres da mesma classe social que as atrás referidas e que passam a vida entre altos pequenos-almoços e trancadas fenomenais a fechar o dia", dúvida imediatamente desfeita para todos quantos viram já O Sexo e a Cidade.
Agora que já dei uso às garras, e deixando-me de considerações mordazes e [corro o risco de as apelidarem de] gratuítas, uma vez que ainda me vou pelo 2.º capítulo, a verdade é que a semana passada dei comigo a pensar que me apetecia ter o livro à mão, ainda que para os mesmos 5 minutos. A escrita não me desagradou e tenho curiosidade em saber como caracteriza a Margarida aquelas 5 personagens, como as diferencia e, já agora, vou gostar de encontrar a originalidade (?) da história.
Longes e miragens
sábado, 27 de setembro de 2008
Mais leitinho
Devo dizer que me faz urticaria aquelas mãezinhas extremosas que não sabem falar de outra coisa a não ser dos filhos, comparando gracinhas, desenvolvimentos e cuidados que provocam o vómito a qualquer não-mãe. A partir do momento em que parem o rebento transformam-se em super-mulheres, deusas do Olimpo que tudo fazem para proporcionar um crescimento perfeito ao seu descendente. Irrita-me. Que pequenez reduzir o interesse da vida a um ser, só porque delas saiu. Cheira-me a um certo narcisismo escondido e cada vez mais acho que o acto/decisão de ter uma criança passa muito por egoísmo de autocentrados. No fundo não passa de competição e pavor de serem adjectivadas de más mães, ou pouco atenciosas, ou dedicadas, ou sem vocação para o efeito. Parece que hoje em dia é isso que se nos pede, a nós mulheres. Que sejamos super no trabalho, em casa, no ginásio, na rua e na cama.
Espero não vir a cair nesta espécie de feitiço (nunca se sabe...!), mas também espero não abdicar de amamentar a minha criança. Lamechas, conservador, fundamentalista ou não, parece-me que é o primeiro momento de contacto com a nossa criança. O primeiro acto de partilha, de "estou aqui para o que precisares, vai ser duro, mas vou contigo". Isso eu não creio que seja de perder, só porque dói ou porque o semblante de mulher independente e alheia a mariquices não se pode perder.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Cabra
"Opá, então não é que é tão giro ter este líquido esbranquiçado a escorrer-me da boca? Ó para mim tão fresca, fofa e airosa aqui danada para a brincadeira com o bichano, hein? Olha eu completamente inocente que nem estou sequer a topar o porquê de uma foto nestes preparos!"
...
Pois é, destas merdas é que eles gostam pá. Delas ingénuas, a cheirar a leitinho com trancinhas para puxar.
Elas: dão-lhes, fartas de o saber.
Eles: deliciam-se a pensar que é mesmo assim.
Coitadito(a)s...
Rever. Sempre.
Kinsey, Bill Condon
Interessa-me o sexo. Não só a sua prática como a sua teoria. O que é, como é, porquê e como acontece. O que são os desvios, o que são as regras. Qual a sua história, em que moldes se processa a sua evolução. As dúvidas, as descobertas, a sua importância. Qual o lugar, o papel que assume na vida de cada um. Na felicidade de cada um.
Relatório Hortêncio. Um dia destes.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
À esquina
À primeira vista parecia um romancezeco de cordel, lamechas e previsível, baseado numa ideia fantástica que, ou era muito bem desenvolvida, ou não convencia nem o leitor menos exigente.
Ao que parece a Margarida da história viaja no tempo. Acabei hoje o acompanhamento desse périplo. E nem foi preciso chegar ao final para ir ficando com aquela inquietação de quem está preso à história e quando não tem oportunidade de ler, dá por si a pensar no enredo, no que dali virá e onde quer chegar a autora. Ora, senhora dona Rosa Lobato DE Faria com o seu ar de tiazona, manda umas bocas porno-eróticas de uma intensidade e calor que nunca esperei. A verdade é que a senhora sabe do que fala e, embora não tenha ficado maravilhada pela criatividade da ideia, há pontos focados que dão que pensar.
Não se trata de reflectir sobre a possibilidade de viajar ou não no tempo, gostei da maneira como retrata a condição feminina opondo a actual ao século passado, a forma chocante como fala das dores fatais de uma mulher submissa e infeliz. Mas mais do que isso, gostei da ideia inquietante de reconhecermos certas pessoas que, à partida, nunca tinhamos visto na vida. Sejam pessoas que conhecemos, com quem temos imensa cumplicidade, que amamos perdidamente ou pessoas por quem passamos na rua e a quem nos sentimos, de alguma forma, ligados. Pode parecer a maior lamechice de sempre, mas acredito que as pessoas com quem nos cruzamos na vida, seja em que contexto for, têm o seu propósito por aquilo que nos fazem vivenciar, pensar, questionar, mudar. Será por acaso que amores insólitos, experiências dolorosas, acontecimentos inesperados, aparentemente impossíveis resistem ao turbilhão por uma força que parece querer dizer "tinha que ser assim"?
Gosto de pensar que sim.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
E o Pedro e o João é que sabem!
in Tu és a mulher da minha vida, ela a mulher dos meus sonhos [Autoria: Pedro Brito (argumento), João Fazenda (desenho)]
Pumba!
Um dos olhares deste livro de BD espectacular!
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Outono
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
De malas e bagagens
Depois há os homens, que vão funcionando connosco em simbiose e quando é, é até ao enjoo e à exaustão. Por conseguinte, há que moldar os gostos, hábitos, atitudes e... ninho. Andar cá e lá sabe bem no início, mas depois cansa. Vai daí que me vou de pochette valise rumo ao meu novo poiso e mentalizo-me para os dias loucos que se avizinham.
Ele é um manancial de tarefas a organizar, desde encaixotar tudo e mais alguma coisa, a preparar transporte, a sondar nova mobília, novas disposições e novas necessidades. Confesso que me dá imensa pica no início para depois me frustrar logo a seguir. "Podia fazer isto e comprar aquilo e mais aqueloutro" mas passado um tempo constato desiludida que não tenho metade do capital e da criatividade necessários.
Posto isto vou pensando no assunto de forma comedida, sendo que a dimensão de coisas e coisinhas que devo mover num espaço de 120km... empalidece-me.
Bom dia, alegria!
For once in my life, Stevie Wonder
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Caboverdianismos
O Boy Gè é um homem normal, normalíssimo mesmo. Até abrir a boca! Porque, meninas, quando usa da voz e dá ao corpo um swing malandro, este senhor é dos mais sedutores que conheço. É de ficar com água na boca!
Apaixonem-se, caras leitoras [e eles também porque uma voz destas é sempre mais que bem-vinda]:
Sant'Anton Lovers, Boy Gè Mendes
coordenada solta
Gosto do que ele escreve. O Planisfério Pessoal vale a pena.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Don't worry ma man!
And now, ladies and gentlemen, Mr. Bobby McFerrin [não deixem de prestar a atenção devida ao teledisco. Olhó dedinho do pé do Bobby! É genial!]
Don't worry be happy, Bobby McFerrin
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Curtas [14]
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Insiste, nao pára
Ora eu que tanto prezo o docinho, o pãozinho e a molhenga, tive que me render a estas práticas, sob pena de deixar de caber nas calças. O processo de alargamento das carnes deu-se inevitavelmente perante novos ares, novos ritmos e refeição na mesa, sem esforço. Mas a verdade é que este andamento faz bem. Pois diz que sim, que dói, mas também dá outra energia. E mesmo que não reduza as carnes, pelo menos enrijece-as, torna-as vigorosas, boas para... a matança, digamos.
Cara lavada
Ruído
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Primeiro estranha-se, depois entranha-se!
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Puta que os pariu
domingo, 7 de setembro de 2008
Não será isso o amor?
Não é invasão, mas veneração.
Ou se calhar só o desejo e personifico-o em ti.
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
Curtas [13]
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Tens de ser tu com o teu próprio punho
"Podes ter uma luta que é só tua
Ou então ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da lua
Olha a sombra que tens colada aos pés"
[Senta-te aí, Rio Grande]
Bonita demais!
Môôôr
Um "amo-te" tem efeito de Prozac. Ouvi-lo e dizê-lo. Sejamos felizes, expressivos e expansivos.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
uma autora atrevida
Anais, Anais...
Henry and June, Philip Kaufman
Esbarrei neste filme sem querer, há uns dias atrás. Numa noite solitária e de insónias. Fiquei presa pelo sussurrar das palavras, pelas cenas à média luz, pela sensualidade da história, dos espaços, das personagens e dos sons. Uma vida boémia meio utópica meio selvagem, carregada de intensidade, na intenção de mostrar as sensações e as emoções ao extremo. A devassidão sem pudores, porque é extremamente bela.
Este trio é delicioso pelas relações quase obsessivas entre cada um deles e a forma como esses dilemas são retratados.
Sonhei nessa noite que deambulava pelas ruas de Paris, qual Anais, à procura do meu Henry que tardava a chegar, o amor da minha vida, por quem me apaixonei perdidamente fisica e intelectualmente. Senti-me tão quente e inspirada que acordei.
Acho que numa outra vida pintei os lábios de vermelho, penteei o cabelo às ondinhas e fumei cigarros enquanto, em tertulias, declamava poemas e bebia vinho tinto.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Parabéns!
Um beijo. Saudades.
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
terça-feira, 26 de agosto de 2008
Na presença da tua ausência
Parece-me que é das dores de maior prazer. O sofrer pela ausência, a ânsia de rever, provar e todo o corpo se rebela a reivindicar uma necessidade, uma luxúria. Por isso salivamos por um chocolate, por isso choramos por alguém que perdemos, por isso humedecemos por alguém que desejamos. Cedemos às maiores lamechices ou ao cúmulo de caminhar kilómetros por um Ovo Kinder.
Agrada-me este masoquismo. Fantasio o momento em que aquilo por que tanto esperei se concretizará. E a verdade é que a vontade de me ter nua nos teus braços - e que me impelia a escrever - me fez desaguar em algo bem maior... a partilha. Porque até na aparente e fugaz necessidade da junção de dois corpos, há aquilo que o transcende... a partilha.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Curtas [12]
domingo, 24 de agosto de 2008
Dá-lhe tempo
Há um ano, por estas alturas ia-me o peito em cacos. O sabor do reverso da medalha. A confusão. O porquê. O medo. Da solidão. A promessa de não o provar tão cedo e de partir para outras cores.
Muitas voltas depois, serena-me a vontade de continuar a mergulhar no desconhecido. Só naquela... de ser feliz.
sábado, 23 de agosto de 2008
Volta a so(u)ar
Amanhã é novo dia, nova labuta que dói o triplo quando tudo à minha volta arrasta os rabos carregadinhos de fazer-nenhum e bronzes à estou-mesmo-gira-com-a-marca-do-biquini-na-clavicula.
Estou-me marimbando para vocês, ó... Deus me conserve este ar pálido e olheiras fundas de cravar as vistas nas letras da sabedoria.
E com esta me vou.
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Vrrrrrrrrrrrrrrrrrrruuuuuuuuuummmm...
Gosto-te!
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Em modo lagostim
Ainda durante a tarde e de olhos postos no mar imaginou-se um jantar a dois, uma noite aconhegante e com o nascer do dia e depois das forças retemperadas, o regresso. Parece que não foi possível. Paciência. Pode ser que um dia...
Sem mais delongas passamos ao plano B: tomar um refresco em casa de amigos ao som das cores que pintaram o dia em que juntaram os trapinhos. E é isto... Até.
Respiração boca a boca
Os ventos favoráveis só protegem as embarcações com rumo.
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Laços
Será que gostamos mesmo desse alguém, que depois passamos a amar ou criamos afinidades agradáveis, que fazem a vida a dois custar menos, mas que eliminem a solidão? Egoismo, instinto de sobreviência, pavor da solidão ou amor incondicional, inexplicável, químicas emocionais e cheiros animais de proliferação da espécie?
Parece-me que dissecar assim tanto o amor perde-lhe a magia e, portanto, não me alongo. A verdade é que, mais cedo ou mais tarde, procuramos ninho, macho que nos proteja e prole para criar.
Se nos movem pormenores de sensualidade que estão "no intervalo entre a luva e o começo da manga", o que vivemos é por demais intenso e especial no que toca aos laços. Dure o que durar, há que saltar.
Signed, sealed, delievered, Stevie Wonder